Entidades francesas propõem recusar credenciamento a jornalistas da Sputnik e RT

As autoridades francesas publicaram um relatório que, particularmente, propõe não conceder credenciamento aos jornalistas do RT e da Sputnik.
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O documento, que abrange mais de 200 páginas e se chama "Manipulação de informações: desafio a nossas democracias", foi elaborado pelo Centro de Análise, Prognóstico e Estratégia da chancelaria e pelo Instituto de Pesquisa Estratégica do Ministério da Defesa da França.

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No preâmbulo do relatório é frisado que ele é fruto da "tomada de consciência dos riscos que a manipulação de informações cria para nossa democracia", assegurando que as "intervenções repetidas que aconteceram desde 2014 — a Ucrânia, o Bundestag, o referendo holandês, o Brexit e as eleições estadunidenses — mostraram o fato das democracias ocidentais, mesmo as maiores, terem perdido imunidade".

Ao mesmo tempo, os autores sublinham que o relatório não reflete a postura oficial do governo francês e não apresenta a postura final, que ainda será sujeita à análise de professionais.

O relatório apresenta o total de 50 recomendações, desde os conselhos "de caráter global" até as recomendações a certos países, sociedade civil e pessoas físicas. O ponto número 19 se chama "Marginalizar os órgãos estrangeiros de propaganda".

"Primeiro, vale chamá-los pelo nome. […] E depois […] não credenciá-los para as coletivas organizadas para os jornalistas", aconselham os autores do documento.

No que se trata da proposta de "chamá-los pelo nome", cita-se a declaração feita pelo presidente francês Emmanuel Macron em Versalhes, durante a coletiva junto com Vladimir Putin, na qual o líder francês, sem apesentar quaisquer provas, acusou a Sputnik e o RT de "muitas vezes terem criado mentira sobre ele e sua campanha" durante a corrida presidencial.

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O relatório cita a Rússia 60 vezes, 48 vezes — o Kremlin, 14 — agência Sputnik e mais de 10 — o canal de TV RT. Particularmente, afirma-se que o RT e a Sputnik "manipulam as informações" e "falsificam" documentos, traduções e entrevistas. "É isso que condenamos, e não o próprio ponto de vista", escrevem os autores, sublinhando que as mídias russas podem e têm direito de defender o ponto de vista russo.

A recusa de credenciamento aos jornalistas destes veículos é argumentada por "estas mídias estarem fazendo não peças jornalísticas, mas propaganda". O documento não apresenta critérios para distinguir o jornalismo de propaganda.

Além disso, o documento não chega a apresentar quaisquer provas reais da citada "intervenção" da Rússia nos processos políticos no Ocidente: os autores se limitam a suas próprias considerações e acusações sem evidências.

Nos últimos anos, a situação em torno das mídias russas no Ocidente vem se tornando cada vez mais complexa. Em novembro do ano passado, o Parlamento Europeu adotou a resolução que fala da necessidade de oferecer resistência a elas, enquanto a Sputnik e o RT são citados como maiores ameaças.

Uma série de políticos ocidentais, inclusive Macron, bem como senadores e congressistas norte-americanos, acusam a Sputnik e o RT de terem interferido nas eleições nos EUA e na França, mas nunca apresentaram quaisquer provas. Moscou, por sua vez, considera essas declarações infundadas.

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