Próxima crise financeira causará maiores tensões sociais em 50 anos, diz analista

Há dez anos, a crise das hipotecas nos EUA abalava o mundo. Marko Kolanovic, um dos principais analistas do grupo financeiro JP Morgan Chase, preparou "um cenário horrível" para explicar como seria a próxima crise financeira.
Sputnik

Segundo o relatório preparado por Kolanovic, a próxima crise financeira seria caraterizada pela venda repentina de ações e por uma crise de liquidez. Além disso, segundo o economista, a Reserva Federal (banco central dos EUA) adotaria medidas sem precedentes para apoiar o mercado de valores. Tudo isso seria acompanhado por tensões sociais nos EUA, as mais graves em 50 anos.

O analista sublinha que, nos últimos dez anos, mais de dois trilhões de dólares de investimentos foram movidos dos fundos de gestão ativa aos de gestão passiva, reduzindo a possibilidade de os gerentes conterem uma onda de vendas. Ele vê o perigo crescente de um "efeito bola de neve", no qual uma pequena onda de vendas rapidamente se torna uma avalanche.

É provável que uma queda dos preços das ações cause o que Kolanovic chama de Grande Crise de Liquidez, quando se tornaria cada vez mais difícil encontrar compradores de ações, fazendo com que os preços caiam ainda mais. Se a venda em massa chegar a um declínio de 40%, ele espera que a Reserva Federal tenha que intervir no mercado para evitar uma grave recessão econômica, se não mesmo uma depressão. Foi isso que a Reserva Federal fez em 2008-09, com seu programa massivo de flexibilização quantitativa (quantitative easing em inglês) para combater a crise.

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A crise financeira levaria a uma queda da riqueza pessoal e do financiamento dos fundos de pensões, o que iria ameaçar com uma redução profunda dos benefícios. Para Kolanovic, essa situação poderia causar a maior agitação social nos EUA desde o ano de 1968, que foi marcado pelo crescente descontentamento com a Guerra do Vietnã, bem como com os assassinatos do líder do movimento dos direitos civis dos negros Martin Luther King Jr. e de Robert F. Kennedy.

No entanto, em uma entrevista à emissora CNBC, Kolanovic indicou que, se os bancos centrais, como a Reserva Federal, intervierem com sucesso para sustentar os preços dos ativos, é provável que o status quo seja mantido. Além disso, ele vê um baixo risco de uma nova crise financeira rebentar até pelo menos o segundo semestre de 2019.

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