"Ninguém poderá dizer que o ouro perde seu valor", disse Maduro em cadeia nacional de rádio e TV, enquanto mostrava dois cartões com emblema do Banco Central e retângulos dourados que definiu como "lingotinhos".
Em entrevista à Sputnik Brasil, Rafael Araújo, professor de História e Relações Internacionais do Instituto Federal do Sergipe, especialista em políticas latino-americanas, especialmente Venezuela, trouxe um dado interessante. Desde que o plano foi divulgado por Maduro no final de agosto, a maior parte da população que tem procurado informações sobre a nova poupança são venezuelanos da terceira idade.
"É uma população idosa, mais pobre, que está vendo nisso uma possibilidade de fazer algum tipo de investimento, algo que para muitos foi impossível durante boa parte da vida", disse o professor.
Os compradores não receberão as barras de ouro, apenas certificados eletrônicos, que vencerão em 12 meses.
"Nos últimos dois anos, Maduro perdeu muita credibilidade. Nacionalmente e internacionalmente, embora ainda exista um setor da população que apoie o chavismo e apoie Maduro. (…) Dessa forma é uma tentativa de o governo trabalhar com esse setor que ainda está próximo. Eu duvido muito que grupos muito contrários ao Maduro apostem na compra do ouro", disse Rafael Araújo.
Por conta dessa série de medidas e da desconfiança em relação à política econômica de Maduro, Rafael Araújo questiona se o governo venezuelano conseguirá pagar os cidadãos que aderirem à poupança.
"Será que a população acredita que vai receber daqui um ano esse dinheiro? Aí que está o grande ponto para saber se essa medida vai ser exitosa ou não", questionou.
Os venezuelanos enfrentam uma inflação que em 2018 deve ser de 1.000.000%, segundo o FMI.