Analista: sanções 'infernais' contra Rússia podem virar-se contra o próprio Ocidente

As sanções contra a dívida soberana russa, propostas por um grupo de senadores norte-americanos, afetariam não apenas a economia russa, mas também os investidores ocidentais que possuem títulos da dívida pública russa, afirmou Pyotr Pushkarev, analista-chefe da empresa TeleTrade.
Sputnik

O projeto de lei foi apresentado por um grupo de senadores norte-americanos liderado pelo republicano Lindsey Graham. O projeto de lei, que Graham chamou de "lei de sanções do inferno", visa punir a Rússia porque "o regime atual de sanções não conseguiu impedir a Rússia de interferir nas eleições de meio de mandato de 2018".

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Entretanto, é pouco provável que o Congresso dos EUA aprove o projeto, que inclui restrições às transações com dívida soberana russa, opinou Pyotr Pushkarev à RT.

"É pouco provável reprimir os sete maiores bancos estatais russos do modo descrito no projeto de lei norte-americano. De que maneira os bancos e empresas que trabalham com eles [os bancos sancionados] iriam pagar suas dívidas e obrigações contratuais em dólares com contrapartes ocidentais?", pergunta o analista.

No meio das ameaças de adoção das novas sanções, o rendimento dos títulos da dívida pública russa 10 anos subiu de 8% a 9% em agosto e setembro, enquanto seu preço caiu quase 10% abaixo de seu valor nominal.

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Segundo Pushkarev, as ameaças de introduzir sanções contra os títulos da dívida russa são apenas uma parte da campanha eleitoral antes das eleições de meio de mandato no Congresso dos EUA, a realizar neste ano.

De qualquer forma, a Rússia não tem necessidade urgente de emitir novos títulos no valor de 7,5 bilhões de dólares (R$ 31 bilhões), como foi planejado anteriormente. "As reservas de ouro e moedas estrangeiras do Banco Central russo cresceram 75 bilhões de dólares (R$ 313 bilhões) em um ano, o que é 10 vezes mais do que Moscou poderia arrecadar com a emissão dos títulos da dívida pública. Além disso, os preços do petróleo continuam altos, o que significa que a Rússia pode esperar por mais de um ano antes de emitir novos títulos da dívida pública", explicou Pushkarev.

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