Por que Varsóvia precisa disso e que vantagens tirará Washington? Tal questão é debatida com o colunista russo da Sputnik, Nikolai Protopopov.
As negociações entre Washington e Varsóvia foram feitas bilateralmente, ou seja, fora da OTAN, com os poloneses justificando a necessidade de uma presença militar americana devido a uma suposta "ameaça" vinda da Rússia.
Instrumento conveniente
De rotação em rotação, o contingente militar dos EUA está praticamente instalado no coração da Europa Oriental, perto das fronteiras da Rússia. O especialista militar Aleksandr Perendzhiev acredita que as novas circunstâncias permitirão à elite política da Polônia reforçar sua posição, tanto internamente como na Europa.
"Serão tropas móveis, se necessário, serão rapidamente transferidas para qualquer área da Europa", disse Perendzhiev.
"A Polônia se tornará um trampolim para a realocação de tropas, inclusive na Ucrânia […] A base permitirá aos norte-americanos, no decurso das negociações, sugerir o uso da força. Ela [a base] é na realidade um ato de ocupação da Europa Oriental, onde a elite política da Polônia atua como um instrumento e um ajudante dedicado dos EUA."
"As relações entre Washington e a Europa Ocidental têm se agravado […] por isso, os Estados Unidos tirarão proveito dos países do Leste, que são mais suscetíveis. Por exemplo, com uma certa pressão, a Bulgária abandonou o gasoduto russo, abrindo caminho para o gás de xisto dos EUA", disse Ivashov.
Do ponto de vista militar, dizem os especialistas, a nova instalação americana não ameaça a segurança da Rússia. O coronel-general russo destaca que a instalação é de pequena escala e que não é preciso temê-la, pois os russos "têm todos os meios para responder em caso de ameaça".
Confronto europeu
As autoridades russas acreditam que a implantação da base militar dos EUA na Polônia é uma decisão soberana de Varsóvia, mas que não contribui para a estabilidade no continente e levará a ações de resposta do lado russo.
Hoje, o contingente militar na Europa é de até 60.000 militares, sendo a maior base a de Ramstein, localizada no norte da Alemanha. É uma das duas bases no território alemão onde, presumivelmente, ogivas nucleares estão armazenadas. Ramstein é simultaneamente uma fortaleza, a sede da Força Aérea dos EUA na Europa e uma das bases da OTAN.
A maioria dos especialistas entrevistados concorda que é pouco provável que a implantação da base norte-americana na Polônia contribua para uma grande guerra na Europa, pois nem os europeus, nem os americanos querem isso. A conclusão é que Washington quer fortalecer o controle sobre a União Europeia, restando ao governo polonês se justificar perante seus cidadãos sobre os gastos de bilhões de dólares.