Tchau, dólar: analista geopolítico prevê fim do domínio do dólar em 20 anos

O analista geopolítico Adam Garrie disse à Sputnik Internacional que os EUA usam a principal moeda de reserva mundial – o dólar – como arma unilateral para se aproveitarem de outras nações. O especialista compartilha seu prognóstico de em quanto tempo exatamente o dinheiro norte-americano deixará o cenário global, dando lugar a outras moedas.
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"Os dias da América como hegemonia econômica e militar global estão contados a muito longo prazo", disse o especialista e também diretor da empresa Eurasia Future comentando a tendência de desdolarização recentemente abraçada pela Rússia, Irã, Turquia, Venezuela e outras nações.

Essa tendência está se espalhando principalmente devido à busca pelas nações de uma alternativa ao dólar, mais por razões de diversificação do que por perda de confiança nessa moeda, segundo ele.

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Segundo o analista, a "atual política da Reserva Federal de reduzir a oferta de dólares aumentou o valor da moeda", fazendo com que inúmeras economias emergentes "precisem pensar duas vezes antes de pedir empréstimos e linhas de crédito baseados no dólar", pois estão aprisionadas em ciclos inflacionários e de dívidas.

"Embora o valor do dólar pareça ser sólido a curto prazo, a confiabilidade do dólar está se tornando cada vez mais volátil aos olhos de muitos fundos soberanos e de riqueza privada em todo o mundo", disse ele.

Além disso, a economia chinesa "parece destinada a ultrapassar totalmente a dos EUA em 2040 em termos de PIB total", observou Garrie, salientando que "a história ditou que o poder econômico global mais forte determinará de fato a moeda de reserva mundial".

A desdolarização está de fato se tornando uma tendência devido às políticas isolacionistas de Trump juntamente com suas sanções e aumentos de tarifas, de acordo com o analista.

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"Cortando o acesso de várias nações ao mercado dos EUA através de tarifas e cortando o acesso não apenas ao mercado dos EUA, mas também a instituições financeiras baseadas no dólar (principalmente americanas) através de sanções, uma grande quantidade de nações está procurando adotar novas moedas para o comércio e de reserva que sejam vistas como sustentáveis a longo prazo", ressaltou.

Em contraste, Garrie observou que a "introdução neste ano dos futuros contratos petrolíferos denominados em renminbi [moeda oficial chinesa] é mais um sinal de que, a longo prazo, a China procura desafiar lenta e firmemente o domínio do dólar", opinou ele.

Garrie acredita que o "dólar flutuante continuará a dominar o mercado pelo menos nos próximos 15 a 20 anos", mas que se a abordagem unilateral americana continuar no comércio, "o atual ímpeto para a desdolarização global [e particularmente asiática] continuará a acelerar".

O cientista geopolítico fala ainda da estrutura global potencial independente do dólar, prevendo a ascensão de outras moedas, como o renminbi, e presumindo que novas moedas de reserva poderiam surgir.

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"A longo prazo, o renminbi da China quase certamente se tornará a principal moeda de reserva da segunda metade do século XXI", insiste o analista.

"A China pode muito bem procurar continuar usando combinações de moedas renminbi e nacionais para o comércio se conseguir acordos especiais com seus parceiros, particularmente aqueles no mundo em desenvolvimento […] Os políticos chineses têm uma mentalidade em geral mais civilizada", diz.

Ele conclui afirmando que a China "provavelmente usará acordos cambiais na busca da prosperidade mútua sustentável a longo prazo", ao contrário dos EUA, que têm manipulado o dólar para promover suas políticas no mundo e para "pressionar outras nações".

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