Poderá novíssimo bombardeiro estratégico chinês se tornar 'fator de contenção' dos EUA?

O novíssimo bombardeiro estratégico chinês H-20 (Hong-20) está se preparando para o primeiro voo. Por enquanto, ainda não foi comunicada a data exata do acontecimento, contudo, de acordo com a edição Asia Times, durante a elaboração da aeronave a indústria do país fez um "certo avanço".
Sputnik

O design do H-20 chinês, cujo desenvolvimento iniciou em 2008, foi inspirado no bombardeiro furtivo norte-americano Northrop Grumman B-2 Spirit. As autoridades chinesas mantêm em segredo todas as caraterísticas táticas e técnicas da aeronave. Portanto, todas as informações sobre o bombardeiro são suposições.

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Em entrevista ao canal russo RT, o analista militar Vadim Kozyulin explicou que o voo do H-20 realmente pode se realizar no futuro próximo.

"Geralmente, os chineses costumam exagerar a escala de seus avanços […] contudo, desta vez eles mantêm silêncio sobre isso. Acredito que se trata de um sinal de que o gigante asiático conseguiu um resultado real no desenvolvimento do novíssimo avião", apontou.

No momento, o exército chinês dispõe em seu serviço de aviões da série H-6. O atual bombardeiro de longo alcance H-6K da Força Aérea da China é um avião modernizado e renovado da série H-6, baseada no bombardeiro soviético Tu-16.

​De acordo com o relatório anual do Pentágono, preparado para o Congresso, a aviação de longo alcance da China não é capaz de efetuar ataques contra alvos da infraestrutura naval dos EUA no Pacífico.

"Os análogos chineses do Tu-16 […] executam funções de reconhecimento e guerra eletrônica, além disso, são portadores de bombas nucleares e mísseis de cruzeiro. Contudo, são vulneráveis perante quaisquer meios modernos de defesa antiaérea e não representam qualquer perigo para os norte-americanos", explicou Kozyulin.

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Segundo o analista, o H-20 deve se tonar um avião de nova geração, que será completamente isento das desvantagens de seu antecessor.

De acordo com as informações da mídia, o alcance deste bombardeiro será de 12 mil km, tendo uma carga útil de 10 a 20 toneladas. O H-20 é feito pelo esquema de "asa voadora". A aeronave terá uma velocidade subsônica, ou seja, menos de mil km/h, contudo, terá vantagens furtivas. Para portar o armamento, que supostamente consistirá de bombas aéreas guiadas e mísseis de alcance variado, inclusive estratégicos, o avião utilizará seus compartimentos internos.

O H-20 contará com um motor turboélice WS-20 da corporação Chengdu Engine Group Company. Os desenvolvedores utilizaram a estrutura da asa do primeiro avião chinês de transporte pesado Y-20. Prevê-se que a aeronave seja apresentada ao público geral no ano que vem.

"Gradualmente, os chineses vêm abandonando o princípio de reprodução e cópia 'cega' de tecnologias estrangeiras. Nos últimos anos eles vêm criando seus próprios exemplares bastante originais. Contudo, carecem da experiência na criação de motores, armamentos e materiais que absorvem as ondas de rádio", ressaltou Vadim Kozyulin.

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O desenvolvimento do H-20 causa preocupações ao Departamento de Defesa dos EUA. No relatório do Pentágono se lê que a China busca criar o bombardeiro para ampliar a "zona de cobertura de operações militares de superfície", podendo atacar as bases navais dos EUA no Pacífico.

Simultaneamente, os chineses vêm aprimorando a aviação operacional e tática, utilizada para dar cobertura aos bombardeiros H-6. Além disso, a China vem avançando na criação de mísseis de cruzeiro de longo alcance que poderão cumprir missões de combate fora da zona de alcance da defesa antiaérea e antimísseis do adversário.

De acordo com os autores do portal Military Watch, o H-20 poderia atacar não somente as instalações militares dos EUA no Pacífico, mas no próprio território norte-americano também. De acordo com a edição, a criação de uma plataforma tão potente para o exército chinês fará com que a China consiga alcançar a paridade na aviação estratégica com Washington e Moscou.

"A China dificilmente estará contente com a proximidade das bases norte-americanas ao seu território. A China, como um dos líderes mundiais, precisa proteger os interesses no mar do Sul da China e […] possuir a capacidade hipotética de atacar assimetricamente os EUA. Sem a tríade nuclear completa é praticamente impossível fazê-lo, mas por enquanto a China não dispõe dela", reforça o analista.

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Ele acrescentou que a criação do H-20 se encaixa nos princípios de equilíbrio estratégico que as autoridades da China seguem em sua política externa. Segundo Kozyulin, o surgimento da aviação estratégica moderna na China será um dos fatores-chave para "contenção" dos EUA.

"É provável que a China possa adotar seu novo avião em serviço em breve. Contudo, eu não teria pressa em tirar conclusões quanto a sua eficácia. Primeiro, duvido que para os radares dos EUA ele seja invisível. Segundo, um avião de nova geração tem frequentemente 'doenças de crescimento', como o demonstraram os exemplos dos F-22, F-35 e Su-57. Seu aperfeiçoamento demorará ainda muito tempo, contudo a favor da China jogam a vontade política, bem como os recursos financeiros e intelectuais consideráveis", concluiu Vadim Kozyulin.

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