Garantia de ferro: por que coreanos têm pressa de ligar redes ferroviárias

O acordo, alcançado hoje (15) no decorrer das negociações intercoreanas, sobre a realização da cerimônia de ligação entre as redes ferroviárias está ligado, provavelmente, à preparação para dificuldades nas conversações entre os EUA e a Coreia do Norte sobre desnuclearização, declarou o professor universitário sul-coreano Park Jongchol.
Sputnik

Se em 6 de novembro, nas eleições intermediárias, Donald Trump perder, ele será menos ativo na questão do desarmamento nuclear e do diálogo com Pyongyang. Por isso as Coreias do Sul e do Norte estão interessadas em reforçar o mais rápido possível a base da cooperação não ligada às sanções internacionais e receber o apoio dos EUA e da comunidade internacional em geral.

"O Sul e o Norte [as Coreias do Sul e do Norte] agora tentam se assegurar contra o reforço, após as eleições intermediárias nos EUA, das forças dispostas negativamente em relação à desnuclearização da península coreana e às mudanças nas relações entre os EUA e a Coreia do Norte", comunicou à Sputnik o professor Park Jongchol.

Anteriormente, a passagem de teste de um trem sul-coreano entre as duas Coreias não se realizou por causa da posição do Comando da ONU chefiado por um general norte-americano, que anunciou a necessidade de permissão prévia para atravessar a fronteira. Desta vez os sul-coreanos planejam se preparar minuciosamente, consultando previamente os países interessados e órgãos envolvidos.

Sul-coreanos protestam em Washington contra acordo de paz com a Coreia do Norte
Segundo o professor sul-coreano, o fato de que o trem de teste passará, antes de mais, ao longo da costa ocidental da península coreana fala da intenção da Coreia do Sul de juntar de modo prioritário as ferrovias Transcoreana e Trans-chinesa. Entretanto, Pyongyang também está interessada na modernização desse caminho, visto que a maior parte do comércio com a China passa por aí.

Park Jongchol comentou que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, se manifestou pela fabricação em massa de vagões de carga e de passageiros e usar travessas de alta qualidade, esperando um aumento significativo da velocidade de circulação e a finalização antecipada da investigação.

Por outro lado, o especialista assinalou que a modernização do ramo oriental, com ligação posterior à ferrovia Transiberiana, é menos atraente do que a construção de gasoduto, oleoduto ou linhas elétricas nesta direção. Esse fato colocará o ramo em um papel secundário.

Diplomatas de Rússia, China e Coreia do Norte se reúnem em Moscou na próxima semana
Além disso, Seul ainda não está pronta para o lançamento de trens, devendo o ramo oriental da parte do Sul estar acabado em 2020. No entanto, a ligação entre ferrovias neste trecho estimulará o interesse pelo uso das ferrovias coreanas.

"A Coreia do Norte gostaria também de usar investimentos sul-coreanos em ferrovias como forma de atrair capital chinês e russo também. Se o Sul construir caminhos de ferro com os seus materiais de alta qualidade, é muito provável que a China e a Rússia invistam ainda mais nas ferrovias norte-coreanas", opina Park Jongchol.

As Coreias do Sul e do Norte chegaram a acordo para ligar e modernizar os caminhos de ferro e rodovias ao longo das costas oriental e ocidental da península coreana ainda em abril de 2018. Em junho, eles efetuaram vários encontros dedicados a essa questão. Em julho, as Coreias realizaram exames conjuntos dos trechos de ligação entre as ferrovias.

Na Declaração de Pyongyang, os líderes do Sul e do Norte confirmaram a intenção de cooperar nas áreas dos caminhos de ferro e rodovias. Nas últimas negociações eles conseguiram definir o prazo da cerimônia de ligação das ferrovias para fim de novembro ou início de dezembro.

Comentar