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Antigo bastião petista, Nordeste vem mostrando apoio a Bolsonaro

A casa de Crenilton Santos Ferreira e de sua esposa, Claudia, fica no fim de uma estrada de terra no estado do Maranhão, no nordeste do Brasil, o mais pobre do país.
Sputnik

Quase 80% dos maranhenses escolheram o PT nas eleições presidenciais de 2014. Mas, nas eleições deste ano, Ferreira vai votar em Jair Bolsonaro (PSL).

"O meu voto é em Bolsonaro porque ele defende o valor da família, os valores cristãos", disse à Reuters este pastor da cidade de Barreirinhas. "Ele não defende um partido, ele defende uma nação: o Brasil".

Apesar de anos de comentários ofensivos sobre mulheres e negros, o ex-capitão do exército está prestes a ganhar a presidência com sua retórica de lei e ordem, pontos de vista sociais conservadores e promessas de combater a corrupção política.

O entusiasmo de Crenilton Ferreira com Bolsonaro, neste canto do Brasil onde escasseiam as televisões e os celulares, é uma prova do apelo do presidenciável do PSL em locais onde até aqui os candidatos conservadores têm sido fracos ou inexistentes. E o apoio de Crenilton Ferreira a Bolsonaro nestas eleições presidenciais — na sua paróquia e na sua cidade — revelou uma das forças ocultas da campanha do candidato: o establishment evangélico deu um exército popular de voluntários a Bolsonaro.

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No Maranhão, os pastores evangélicos abriram uma porta que parecia fechada para o ex-capitão.

Contudo, ainda é possível encontrar eleitores petistas gratos pelos programas de distribuição de renda do ex-presidente Lula.

"Provavelmente vou votar no papai Lula, através do seu candidato[Haddad]. O chefe sempre nos ajudou", disse à Reuters Maria da Luz, 54 anos e mãe de dez filhos.

Em sua casa, Maria da Luz tem uma foto de Lula pendurada na parede. Ela e seu marido, Raimundo Domingo Ferreira Pires, de 74 anos, moram em Belagua, e são, como muitas outras famílias, beneficiários do programa Bolsa Família.

Maria da Luz recebe cerca de R$ 500 reais por mês através do programa, enquanto Raimundo Pires recebe outros R$ 650 reais de pensão. O dinheiro, explicaram à Reuters, ajudou a família a comprar roupas, lápis e cadernos para que os filhos pudessem ir à escola. Em campanha no Nordeste na última semana antes das eleições, Fernando Haddad prometeu aumentar os valores do Bolsa Família em 20%.

Até mesmo Crenilton Ferreira, o pastor que faz campanha por Bolsonaro, depende do programa Bolsa Família para sobreviver: ele recebe R$ 163 por mês para sustentar os dois filhos, um complemento ao seu salário de R$ 800 reais. À Reuters, explicou que foram as conversas com outros membros da igreja que o afastaram do PT.

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Muitas das diretivas contra Haddad também partem das conversas com Pedro Aldi Damasceno, pastor titular da capital do estado, em São Luís, que faz campanha por Bolsonaro.

"Somos cristãos, defendemos o verdadeiro cristianismo com ardor e zelo", disse Damasceno à Reuters. "Não há paz entre nós e Haddad. Ele é o inimigo, o inimigo dos crentes."

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