Bunkers de Atenas: uma cidade cheia de mistérios (FOTOS)

Ano de 1936: a capital grega, Atenas, se prepara para uma guerra iminente. Centenas de abrigos públicos foram construídos nas vésperas da Segunda Guerra Mundial. O que aconteceu com eles durante 80 anos?
Sputnik

Colina de Ardittos, rua Zalokosta, monte Licabeto e praça Korai. Essas quatro zonas de Atenas estão unidas por uma coisa: eles deram refúgio a milhares de moradores da capital grega durante os bombardeamentos da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

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O historiador Konstantinos Kirimis marcou no mapa de Atenas mais de 80 abrigos. Através dos seus livros, ele tenta transmitir a memória histórica para as gerações mais jovens.

Antes de 1936, a palavra "refúgio" era desconhecida para os atenienses. Entretanto, a guerra e o medo do inevitável levaram o governo grego a tomar medidas para proteger seus cidadãos, e assim foram construídos espaços em que os habitantes pudessem se proteger das bombas alemãs.

Durante quatro anos de guerra, em Atenas e nos seus arredores foram construídos mais de 400 abrigos públicos e várias centenas de privados, porque cada prédio com mais de três andares tinha que ter um espaço protegido. Assim, centenas de abrigos públicos foram construídos em prédios de vários andares, edifícios públicos, estações ferroviárias, portos, fábricas, teatros e outros pontos onde a população da cidade se concentrou.

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No interior de um bunker, Atenas.
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A porta de um dos bunkers em Atenas.
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No interior de um bunker, Atenas.
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A porta de um dos bunkers em Atenas.
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Um dos bunkers construídos nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, Atenas.

Os abrigos públicos abrigavam de 30.000 a 40.000 pessoas. Acredita-se que, se se levar em conta os abrigos "privados", todos os moradores da capital grega poderiam se esconder em um abrigo.

Para que cada pessoa soubesse o que fazer em caso de bombardeio, foram realizadas simulações regulares. A lei estabeleceu regras rígidas para a construção desses abrigos. As paredes tinham que ser feitas de concreto armado com uma espessura de pelo menos 30 centímetros. Além disso, tinham que ter pelo menos dois espaços diferentes.

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A entrada principal tinha que ter uma porta forte, além disso, era necessária a existência de pelo menos uma saída de emergência.

Havia abrigos por toda a cidade: no centro, em Pireus, nos arredores, em qualquer lugar da cidade.

Tudo o mencionado se refere à lei de 1936, que permaneceu inalterada até 1956, quando a construção obrigatória de abrigos nos edifícios privados foi abolida. A maioria dos abrigos foi construída entre 1936 e 1940. Mas, devido à lei em vigor, todas as casas construídas após a guerra tinham que ter uma sala que pudesse ser usada como abrigo em caso de necessidade.

É de mencionar os abrigos criados durante a ocupação alemã. Os ocupantes, que tinham tecnologias de ponta, construíram refúgios ultramodernos entre 1942 e 1944, que eram destinados à proteção contra os ataques da coalizão anti-hitleriana.

A maioria desses abrigos estava localizada perto de instalações militares, como aeroportos, portos e armazéns. Claramente, os abrigos não foram usados apenas durante a Segunda Guerra Mundial, mas também durante os bombardeios de Pireu em janeiro de 1944 e durante os "atentados de dezembro" na véspera da guerra civil grega.

Hoje, os abrigos de Atenas não podem ser usados por várias razões: as guerras modernas têm um caráter diferente, as tecnologias militares fizeram grandes avanços e a população cresceu. Além disso, na maioria dos casos, esses abrigos não tiveram manutenção durante muitas décadas. Recuperá-los seria muito caro.

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A maioria dos abrigos foi demolida e, em alguns casos, abrigos particulares foram transformados em armazéns. Os abrigos não pertencem ao Ministério da Cultura ou a outras instituições. "Proprietário do abrigo é a pessoa que tem o direito de propriedade de uma quadra específica ou edifício", explicou Kirimis à Sputnik Grécia.

Por exemplo: se o refúgio (público ou privado) está localizado em terrenos privados, ele é herdado pelo proprietário do terreno.

Entretanto, esses objetos são controlados principalmente pela polícia grega e por uma organização para planejamento político em situações de emergência.

Dos 400 abrigos públicos, apenas um está em funcionamento. E mesmo isso graças aos alemães, porque se trata do local das torturas na Praça Korai, que se tornou o símbolo do movimento de resistência grega e por isso se transformou em memorial e lugar de importância histórica.

"Hoje, apenas alguns abrigos podem ser visitados", disse Kirimis, que manifestou seu otimismo pela possibilidade de explorar esses locais como atrações turísticas e culturais, como já acontece em muitos países europeus.

Nos últimos tempos, pelo menos um órgão público manifestou sérias intenções em relação ao financiamento da recuperação de alguns abrigos. Atualmente, se procura como atrair fundos e promover o projeto. No entanto, o projeto ainda está em sua fase inicial.

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Kirimis começou a interessar-se pelos antigos refúgios há vários anos, quando visitou um em Drapetsona (nos arredores de Atenas) e decidiu saber mais sobre essas instalações.

"Durante minha pesquisa descobri que existem muitas lacunas, alguma informação é fragmentada […] Então, comecei a visitar os abrigos em busca de informações. Para mim, é importante que as informações sobre os abrigos sejam tão completas quanto possível", explicou ele.

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