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Essa é a mistura do Brasil com Egito: Pesquisadores embarcam para desvendar tumba de faraó

Pesquisadores brasileiros embarcam para uma nova expedição ao Egito para estudar os segredos da Tumba Tebana 123, na Necrópole de Luxor. O grupo, que ainda conta com estudiosos argentinos, franceses e egípcios, deve começar as escavações em janeiro do próximo ano.
Sputnik

Coordenado pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais, José Roberto Pellini, o projeto Amenenhet vai iniciar o seu terceiro ano de trabalho em campo com o foco na escavação arqueológica.

“Nós vamos nos concentrar na parte da escavação arqueológica. […] Essa é uma tumba inédita, que nunca foi trabalhada ou escavada. Esse ano vamos começar a escavação pelo o que chamamos de câmara anexa, que é uma sala que está anexa a uma câmara funerária, onde o morto era enterrado e, possivelmente, servia para guardar os pertences do morto. Nós já conseguimos observar duas múmias na superfície”, conta o arqueólogo do Departamento de Antropologia e Arqueologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich).

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Nos dois primeiros anos (2017 e 2018), o projeto que conta com a parceria da Universidade Nacional de Córdoba e com o Serviço de Antiguidades do governo egípcio, se dedicou ao conhecimento das tumbas e à superação de alguns problemas que dificultavam a escavação. Ainda assim, Pellini conta que o grupo já fez descobertas.

“Já foram encontrados vários objetos de cartonagem, que são elementos que compunham a vestimenta da múmia como parte da decoração. Eram bem decorados com hieróglifos. Achamos algumas estátuas, como a do Deus Horus, por exemplo. Encontramos também um vaso canopo, que era onde ficavam os órgãos depois de retirados do corpo para transformá-lo em múmia”, explica o professor.

Em 2019, a equipe coordenada pelo brasileiro contará com 18 profissionais de várias especialidades como geólogos, egiptólogos e antropólogos. Juntos, os pesquisadores vão tentar descobrir um pouco mais sobre a história e função do antigo proprietário da tumba, o sacerdote Amenenhet.

“Nós podemos através da pesquisa dessa tumba, entender um pouco melhor o período do novo império no Egito Antigo. A gente consegue entender um pouco mais do papel que esse funcionário, o Amenenhet, tinha dentro do governo do faraó Tutmósis III, que era um cargo muito importante”, explica o professor.

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Amenenhet era sacerdote que ocupava diversos cargos, como o de contador de pães, que eram distribuídos como parte dos salários no Egito Antigo. O dono da Tumba Tebana 123 serviu ao faraó Thutmosis III, da 18ª Dinastia, por volta de 1800 antes de Cristo. A construção que está sendo analisada pelo grupo de pesquisadores tem formato de T, possui 25 x 3 metros de frente e um corredor principal de 50 x 3 metros.

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No próximo ano, além da história do nobre Amenenhet, os pesquisadores também estudarão o presente. Segundo o professor José Roberto Pellini, a intenção é investigar a relação entre a população atual e o monumento.

“Ao mesmo tempo a gente tem focado muito na relação da comunidade atual com esse monumento, para entender como a população resignifica e utiliza as tumbas do Egito antigo dentro das práticas cotidianas”, conta o arqueólogo.

O projeto coordenado pelo brasileiro integra o Programa Arqueológico Brasileiro no Egito (Bape, na sigla em inglês), criado em 2015 na Universidade Federal de Sergipe.

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