Réu na ação penal que o acusa de receber pagamentos de empreiteiras em troca de reformas no sítio, Lula foi ouvido entre as 15h e 17h50 pela juíza federal substituta Gabriela Hardt, que assumiu a Vara de Curitiba após a saída do juiz federal Sérgio Moro.
Logo no início do interrogatório, o petista se desentendeu com a magistrada.
"Doutora, eu só queria perguntar para o meu esclarecimento. Eu sou o dono do sítio ou não? Porque eu estou disposto a responder toda e qualquer pergunta. Eu sou dono do sítio ou não?", questionou o ex-presidente.
A juíza reagiu. "Isso o senhor que tem que responder e eu não estou sendo interrogada nesse momento". Lula rebateu e disse que quem deve responder é quem o acusa, alegação para a qual a juíza substituta advertiu.
"Senhor ex-presidente, esse é um interrogatório, e se o senhor começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema", respondeu Hardt.
De acordo com Lula, embora ele não seja o dono do sítio em Atibaia, ele chegou a pensar em comprá-lo, mas o proprietário não quis negociar.
"Eu na verdade pensei em comprar o sitio para agradar a Marisa em 2016. Eu tive pensando porque se eu quisesse comprar o sitio eu tinha dinheiro para comprar o sitio. Acontece que o Jacob Bittar não pensava em vender o sítio, o Jacob Bittar tinha aquilo como patrimônio", declarou.
Lula rebateu também minimizou uma minuta de 2012, na qual Lula e Marisa Letícia apareciam como potenciais compradores da propriedade, e confirmou que começou a frequentar o sítio a partir de 2011, logo quando deixou a Presidência da República.
"Eu nunca conversei com ninguém sobre as obras do sítio de Atibaia porque eu queria provar que o sítio não era meu. E hoje aqui nessa tribuna vocês me deram o testemunho: o sítio não é do 'Seu' Lula. Eu pensei que eu vim aqui prestar depoimento porque o sítio era meu. O sítio não é meu", argumentou o petista.
Logo após o fim do depoimento, Lula foi levado à Superintendência da Polícia Federal (PF), onde está preso desde abril para cumprir a pena de 12 anos e 1 mês de prisão pela condenação no caso do triplex em Guarujá (SP).
Nesta ação, o Ministério Público Federal (MPF) acusa Lula de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter sido contemplado pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, e também pelo amigo pecuarista José Carlos Bumlai, com um valor total de R$ 1,02 milhão para obras de reforma e melhorias do sítio Santa Bárbara, no município de Atibaia, interior de São Paulo.
A defesa de Lula manteve que o ex-presidente não é o dono da propriedade, tampouco tenha sido beneficiado por qualquer empresa que possua contratos com a Petrobras.