Especialista indica como 'pântano do Oriente Médio' pode levar Washington ao calote

Os EUA têm sempre se considerado como um país grande não apenas em sentido econômico, mas também no que tange a promover a democracia. Em que resultaram essas tentativas para o bem-estar da população estadunidense e estrangeira?
Sputnik

Recentemente, a revista The American Conservative assegurou que a política de guerras "ilegais" e "antinaturais" pode acarretar consequências gravíssimas para os EUA, ou seja, sua "arrogância" ameaça levar os Estados Unidos ao calote. Para preservar o país, Washington precisa de revisar seus interesses nacionais, promovidos pelos grupos neoconservadores, opina a edição.

Início do fim? Dólar estadunidense sofre queda drástica
O déficit orçamentário do governo federal dos EUA já superou 800 bilhões de dólares (R$ 3 trilhões), enquanto a dívida nacional se aproxima de 22 trilhões de dólares (R$ 83 trilhões), que é a maior dívida pública de toda a história da humanidade, relembra o autor.

Mesmo tomando em consideração que há países muito mais pobres no mundo, se compararmos a dívida e o PIB, a crise nos EUA é inevitável, adverte a mídia. Ao mesmo tempo, alguns economistas acreditam que o calote dos EUA é impossível, porque o governo, teoricamente, pode imprimir a quantidade de dólares que precisar. Nesse caso, a hiperinflação causada pela impressão incontrolável de moeda levaria à desvalorização total do dólar e afundaria a economia global.

O cenário traçado pelo jornalista é o seguinte:

Quais fatores podem minar liderança do dólar estadunidense no mundo?
Quando o mundo deixar de confiar na capacidade dos EUA de pagar suas dívidas ou quando as taxas de juro se tornarem demasiado altas, os EUA seriam forçados a cortar seu orçamento e, como resultado, o "império" estadunidense irá colapsar, afirmou o analista.

O especialista do Centro de Investigação dos Problemas de Segurança da Academia de Ciências da Rússia, o americanista Konstantin Blokhin, comentou a publicação em uma conversa com o serviço russo da Rádio Sputnik.

"Estou de acordo com a opinião de que, em primeiro lugar, os EUA minam o bem-estar do seu próprio povo. Nas avaliações mais humildes, as despesas totais com as guerras no Afeganistão e no Iraque desde o ano de 2001 até hoje somam entre 6 e 7 trilhões de dólares [22,8 e 26,6 trilhões de reais]. Alguns dizem que eles podem ter gasto 10 ou até 15 trilhões [38 e 57 trilhões de reais]", relembrou, assinalado que estas somas são "astronômicas" até para uma economia tão sólida como a estadunidense.

Assim, analisa o especialista, em vez de "se ocuparem" dos problemas internos e investirem em infraestruturas, os EUA "dispersaram" suas capacidades nessas guerras e "se atolaram" no Oriente Médio. Nisso, opina Blokhin, há uma espécie de ironia.

"Todas essas guerras visam gerar o caos e a desestabilização, reforçar o controle da região, de maneira a permitir administrar os fluxos de recursos energéticos que vêm à Europa e à Ásia. Ou seja, controlar tanto seus aliados europeus quanto seus rivais, em primeiro lugar, a China", expressou.

Será que Rússia conseguirá enfraquecer hegemonia do dólar?
Porém, resume o analista, ao tentar realizar essa estratégia, os próprios EUA "exageram no esforço" e, além disso, perderam o momento, nos anos 2000, em que era possível conter a Rússia e a China.

"Eles se atolaram no 'pântano do Oriente Médio' e, de fato, quando era possível, não aproveitaram a oportunidade para reforçar suas posições. É nisso que consiste a ironia desta situação", concluiu.

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