Notícias do Brasil

Mais Médicos com cubanos: sim ou não? – especialistas discutem

Terminou nesta quarta-feira (12) o prazo dado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para que os 8.300 médicos cubanos deixassem o Brasil após o fim da parceria entre os dois países no programa Mais Médicos.
Sputnik

Segundo a Opas, o cronograma havia sido definido em conjunto com a entidade e os governos dos dois países. Os voos com destino a Havana saíram de Manaus, Brasília, São Paulo e Salvador. Os cubanos representavam mais da metade dos 16 mil médicos que atuavam no programa Mais Médicos.

Cuba justificou a saída do programa como uma resposta ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) que havia prometido mudanças nas regras do programa.

Médicos cubanos são recebidos com honras em Havana
Para o deputado federal Ságuas Moraes (PT-MT), Cuba agiu corretamente ao ordenar a volta de seus médicos para o país e mencionou que Bolsonaro já havia criticado os cubanos em outras ocasiões.

"O Governo cubano agiu com altivez, com soberania, porque o presidente eleito Bolsonaro, quando deputado federal se posicionou contra o programa Mais Médicos, se posicionou contra os cubanos no Brasil. Durante a campanha ele chegou a dizer que eles eram agentes infiltrados comunistas no Brasil", comentou.

Sylvio Provenzano, presidente do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro), disse que o pano de fundo da criação do programa Mais Médicos era eleitoreiro, sem propriamente se preocupar com a saúde da população.

"É sempre bom reforçar que o Mais Médicos foi lançado em 2013, faltando um ano para as eleições, o que nos pareceu um projeto muito mais com cunho eleitoral do que propriamente visando o bem estar da saúde e da população", afirmou.

Médicos cubanos foram comparados com açougueiros por Jair Bolsonaro em 2013 (VÍDEO)
Até terça-feira (11), dos 8.411 profissionais aprovados na primeira etapa de seleção do Mais Médicos, 4.649 (55%) já haviam se apresentado nos municípios, segundo balanço do Ministério da Saúde.  Os outros 3.762 (45%) têm até sexta (14) para comparecerem aos municípios onde escolheram trabalhar.

Ságuas Moraes, que também é médico de formação, disse que apesar da alta procura na inscrição do programa, os médicos brasileiros não querem ir para os lugares mais isolados do país.

"O governo brasileiro tenta, lança um edital de contrato e muitos médicos se inscreveram, mas ninguém está querendo ir para os locais mais isolados, de difícil acesso em que os médicos cubanos estavam", acrescenta.

Já na visão de Sylvio Provenzano, a alta procura demonstra que há interesse dos médicos brasileiros em trabalharem no programa Mais Médicos.

"O número de inscritos agora demonstra que havia interesse sim, mas talvez não tenha sido dada a estes profissionais a oportunidade de se inscrever", explicou.

Até o momento, o Ministério da Saúde á recebeu 2.277 inscrições de médicos sem CRM brasileiro. Os profissionais formados no exterior têm até o dia 14 para entrar no sistema e enviar a documentação para validar a inscrição.

Comentar