A Sputnik Mundo entrevistou Sonia Santiago Hernández, fundadora do Mães contra a Guerra, um grupo de mulheres que são contra a prática de recrutamento.
Em 2003, os EUA enviaram suas tropas ao Iraque sob pretexto de que o governo de Saddam Hussein matinha armas de destruição em massa, porém, isso nunca foi provado. Na ocasião, o filho de Sonia estava em uma das primeiras tropas enviadas ao Iraque com o único objetivo de usurpar o petróleo. Ele esteve 18 meses no Iraque, fazendo com que sua mãe transformasse suas angústias em ações de alerta aos jovens porto-riquenhos.
Atualmente, a taxa de desemprego em Porto Rico é de aproximadamente 40%, além das rigorosas medidas de austeridade impostas pelo controle fiscal que deixa a ilha sem poder reagir perante sua dívida de US$ 70 bilhões. Com isso, os EUA conseguem fazer com que os jovens se iludam com a promessa de uma vida melhor e de glória no exército americano, de acordo com a ativista.
"Porém, eles os utilizam sobretudo em sua agenda de ocupação e usurpação de recursos naturais e em tudo o mais ligado à hegemonia geopolítica dos EUA no mundo em suas centenas de bases", declarou Sonia Santiago Hernández.
Ela também conta que a experiência no campo de batalha no Oriente Médio tornou seu filho em uma pessoa "completamente incapacitada" devido aos diversos sintomas da síndrome de estresse pós-traumático, como insônia, pesadelos, ansiedade e nervosismo.
Sonia afirmou que seu filho foi submetido a diversas doses da vacina contra o antraz, o que deixou sequelas em seu filho, já que as doses foram aplicadas erroneamente, pois cada dose deve ser aplicada após decorrerem vários meses e não repetidamente, como foi o caso.
Ela conta que diversos jovens sofrem traumas neurológicos provocados por agentes químicos como o urânio empobrecido, utilizado para penetrar a blindagem do inimigo, além de os alarmes de ataques bioquímicos dispararem devido à concentração de substâncias em seus uniformes. Entretanto, o governo dos EUA não presta apoio a esses jovens.
O fato não é uma novidade, já que o alistamento de porto-riquenhos no exército americano ocorre há mais de 100 anos. Tanto é que durante a Primeira Guerra Mundial aproximadamente 18.000 porto-riquenhos serviram aos EUA, pois na época o alistamento era obrigatório.
Durante a Segunda Guerra Mundial, 60.000 porto-riquenhos serviram os EUA, na Guerra da Coreia foram quase 70.000 e na Guerra do Vietnã praticamente 50.000.
Recentemente, o Comando Geográfico do Caribe, em Porto Rico, começou a operar, agrupando cinco batalhões com aproximadamente 5.000 membros, sendo uma das maiores concentrações militares na história da ilha.
"Não tenho nenhuma dúvida de que isso é um programa do Exército dos EUA para que os porto-riquenhos que sabem espanhol participem de uma agressão contra a Venezuela, caso seja necessário", declarou Sonia.
Os recrutadores americanos oferecem um contrato com as Forças Armadas dos EUA, que os vincula a um serviço de oito anos, sendo quatro deles em atividade e quatro na reserva.
Hoje, Sonia tenta orientar os jovens para que não firmem contratos militares através de uma campanha ativa e conscientização.