No início de novembro, em nome de parlamentares de partidos socialistas, o deputado francês Emmanuel Maurel emitiu uma carta para a Comissão Europeia cobrando a suspensão do diálogo com o Mercosul, e mais recentemente o presidente Emmanuel Macron afirmou que condicionará o acordo comercial à manutenção do Brasil no Acordo de Paris, permanência que foi posta em dúvida pelo presidente eleito Jair Bolsonaro.
"Eu acho que nesse caso a gente tem que entender que os dois países estão passando por discussões internas, com questionamentos principalmente sobre as políticas de comércio e o quanto isto impacta o emprego, e nas condições internas de cada um dois países. Então pros dois líderes fazerem concessões ou participar de acordos, eles têm que ter um ganho", afirmou.
No caso da França, ela lembrou que os protestos contra o governo do Macron estão relacionados em grande parte com a questão dos impostos sobre a necessidade de tentar cuidar do Meio Ambiente no futuro.
"A questão ambiental é muito importante para o Macron e a sinalização do presidente eleito Bolsonaro em não participar do acordo [de Paris] dificulta ainda mais o argumento [do governo Macron] de que 'estamos fazendo um sacrifício interno, pensando nas mudanças climáticas', e ao mesmo tempo fechando acordos com quem não quer participar do acordo de Paris", argumentou a especialista em Relações Internacionais.
Por outro lado, de acordo com ela, depois que o Macri e o Temer assumiram seus governos, os dois países foram bastante abertos em fazer concessões à União Europeia.
Denilde Holzhacker destacou também que o acordo entre a União Europeia e o Mercosul é bastante complicado por ter interesses muito intrincados, com posições tanto do lado europeu, quanto do lado dos países da América do Sul, com interesses bastante consolidados.
"Agora, essas manifestações [de líderes europeus] vão tornar a negociação ainda mais difícil. São dois governos [França e Alemanha] que já mostraram reticências a algumas posturas do presidente eleito Jair Bolsonaro, e que pode haver a necessidade de uma reorganização da negociação e pode levar novamente a uma estagnação e até a não assinatura do acordo", completa.