Analista: saída dos EUA da Parceria Transpacífico permite à China dominar no Pacífico

A saída dos EUA da Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), que entra em vigor hoje (30), abre para a China um amplo campo de ação no Círculo do Pacífico, embora esse formato tenha sido promovido como um modo de conter a influência crescente de Pequim na região, declarou à Sputnik o analista James Brown.
Sputnik

Parceria Transpacífico é um acordo de livre comércio estabelecido entre doze países banhados pelo Oceano Pacífico com objetivos de promover o crescimento econômico, apoiar a criação e manutenção de postos de trabalho, reforçar a inovação e produtividade e elevar os padrões de vida. Porém, em janeiro de 2017 o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou um decreto determinando a retirada do país do acordo.

"O maior dano para os EUA, provavelmente, será estratégico. Muitos adeptos do TPP promoveram [o acordo] como um método para conter o poderio crescente da China na região, ligando as economias regionais com os EUA e seus aliados, bem como contribuindo para o afastamento desses países da China", sublinhou o especialista.

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Além disso, segundo Brown, "o TPP se destina a estabelecer as regras do jogo no comércio no Círculo do Pacífico", o que poderia prevenir situações em que Pequim dite os seus princípios a outros países da região. Saindo do acordo, os EUA deixam o palco aberto para a China, opina o analista.

Apesar do efeito geralmente positivo do acordo, o formato não é uma panaceia. Ele pode influir negativamente em certos setores das economias dos países do TPP, por exemplo, na agricultura no Japão, sublinhou Brown.

No âmbito do TPP, o Japão será obrigado a levantar algumas restrições comerciais, que por muito tempo ajudaram a manter os preços altos no setor agrícola. Os produtores japoneses terão de concorrer com as mercadorias baratas importadas, declarou Brown.

Apesar disso, em geral o acordo traz vantagens para o Japão, sublinhou ele. No mercado interno japonês se espera uma diminuição da demanda por causa da redução da população. As companhias japonesas se tornarão mais dependentes das suas exportações, mas o TPP lhes concederá acesso aos países emergentes da região, segundo o analista. Mais uma vantagem para Tóquio é representada pela ausência nessa parceria da China, que é "uma ameaça estratégica para o Japão".

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