Entre 26 de setembro e 26 de dezembro deste ano, "14 ex-membros das FARC foram assassinados", disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em seu relatório trimestral sobre a missão do órgão global à Colômbia.
Segundo a unidade de investigação especial colombiana, citada pela ONU, os responsáveis pelos assassinatos "são grupos armados ilegais e organizações criminosas".
A maioria desses casos tem sido associada ao grupo de tráfico de drogas Clã do Golfo, que emergiu de paramilitares de direita desarmados em 2006, bem como dissidentes das FARC, o grupo guerrilheiro do Exército de Libertação Nacional (ELN), e remanescentes dos agora debandados rebeldes marxistas do Exército Popular de Libertação (EPL).
Guterres 'extremamente preocupado'
A ONU convocou o presidente colombiano Iván Duque, um crítico do acordo de paz assinado por seu antecessor, Juan Manuel Santos, para "reforçar os planos e estratégias de segurança para ex-combatentes".
No relatório, Guterres disse estar "extremamente" preocupado com o número de assassinatos de líderes sociais e defensores dos direitos humanos, dizendo que a ONU verificou 163 dos 454 casos registrados desde que o acordo de paz foi assinado.
"A maioria dos assassinatos ocorreu em zonas abandonadas por ex-FARC (combatentes) e onde a presença do Estado é limitada", informou o relatório da ONU.
O ombudsman de direitos humanos da Colômbia estima que 423 ativistas foram assassinados entre 2016 e o final de novembro.
Transformada em um partido político desde o acordo de paz, as FARC criticaram repetidamente a falta de garantias de segurança para seus membros.
Enquanto cerca de 7.000 ex-combatentes depuseram suas armas, a comissão de paz e reconciliação da Colômbia estima que restam 1.600 rebeldes dissidentes.
A Colômbia foi dilacerada por mais de meio século de conflito armado envolvendo guerrilheiros, traficantes de drogas, paramilitares e forças do Estado, deixando 8 milhões de pessoas mortas, desaparecidas ou deslocadas.