"Alguns mais radicais podem tomar algumas sanções, espero apenas econômicas, contra nós, mas não vou deixar de reconhecer a autoridade de Israel, que decide qual é a capital de Israel, seu governo, seu povo e o ponto final", afirmou Bolsonaro.
O presidente brasileiro declarou que grande parte do mundo árabe está alinhado com os EUA e que "a questão da Palestina" já está "saturando" muitos desses países da região.
Bolsonaro acrescentou que o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel é a resposta para um "anseio da população", porque uma grande parte dos evangélicos – que o apoio na corrida presidencial – é favorável da medida.
O ex-capitão do Exército Brasileiro se reuniu na semana passada no Rio de Janeiro com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, uma das principais autoridades estrangeiras em sua posse. O premiê havia adiantado que Bolsonaro havia indicado a mudança para ele.
Quando perguntado se sua abordagem a Israel tem a ver com o medo de um ataque terrorista, Bolsonaro tripudiou.
"Acho que eles não chegariam a esse ponto, seria absurdo chegar a esse ponto e criar uma questão diplomática tão séria", sentenciou. No entanto, ele acrescentou que sempre houve "preocupação" e citou o ataque sofrido pela Associação Mutual de Israel (AMIA) em 1994, na Argentina, que deixou 85 mortos.
O presidente brasileiro ressaltou que deseja manter relações comerciais com todos os países e que o Brasil não se importa se outras nações reconhecem ou não que Jerusalém é a capital de Israel.
Base militar dos EUA
Em outro momento da entrevista, Bolsonaro disse estar aberto à possibilidade de os Estados Unidos operarem uma base militar própria no Brasil, uma mudança que geraria uma forte mudança de direção para a política externa brasileira.
Preocupado com o apoio da Rússia ao governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, Bolsonaro indicou que o Brasil também pode se aproximar militarmente de Washington, diante do aumento das tensões na região.
"Dependendo do que acontece no mundo, quem sabe se não precisaríamos discutir essa questão [base dos EUA no Brasil] no futuro", pontuou Bolsonaro. Ele enfatizou ainda que o que o Brasil procura é ter "supremacia aqui na América do Sul".