"Independentemente de como isso pode afetar as relações bilaterais entre Paraguai e Venezuela, a mais afetada é a estabilidade regional em torno de como devem ser tratados assuntos entre os países, levando em consideração o exemplo muito ruim de todo o conteúdo da declaração do Grupo de Lima de 4 de janeiro", ressaltou o analista.
O presidente paraguaio, Mario Abdo, anunciou ontem (10) rompimento das relações com Caracas após apoiar a declaração do Grupo de Lima sobre ilegitimidade do novo mandato de Maduro.
"O Governo da República do Paraguai, no exercício de seus poderes constitucionais e soberania nacional, decidiu romper relações diplomáticas com a República Bolivariana da Venezuela", diz o comunicado da presidência paraguaia, o que significa também o fechamento da embaixada e retirada imediata dos diplomatas paraguaios da Venezuela.
Tática do Grupo de Lima
Segundo Walter Ortiz, a decisão do governo paraguaio é uma tática do Grupo de Lima de continuar anunciando advertências ao país.
"Sem dúvida alguma, a decisão do governo paraguaio tem a ver com a tática que deve ter sido forjada pelos membros do Grupo de Lima, sendo previsível um conjunto de ações […] parece que é uma tática de vazamento a qual se juntarão alguns países do Grupo de Lima", assinalou.
Tutelados pelos EUA
O cientista político indicou que as decisões de países-membros do Grupo de Lima estão sujeitas aos interesses dos EUA.
"Recordemos que o Grupo de Lima está atado a governos com concepções ideológicas determinadas que os unem, estando principalmente comprometidos com interesses do grande hegemônico governo dos Estados Unidos", explicou.
Apesar de o presidente venezuelano prometer uma resposta firme de maneira recíproca, Ortiz duvida que isso venha a ocorrer.
"O presidente falava da necessidade de buscar mecanismos regionais, tais como a Comunidade de Estados Latino-americanos ou a criação de algum grupo de contato dos governos da América Latina, para começar a gerar mecanismos de entendimento regional, porque o problema está mais longe de reciprocidade diplomática que leva a tais ações, como retirada de embaixadores e fechamento de embaixadas", comentou.
No entanto, em relação ao "êxodo em massa de cidadãos venezuelanos aos países da região, o Paraguai continuará acompanhando as iniciativas de coordenação regional destinadas a dar resposta a essa delicada crise migratória, sem prejuízo de continuar exortando em instâncias multilaterais, a entrada da assistência humanitária à República Bolivariana da Venezuela".
As autoridades venezuelanas até agora não declararam posicionamento à decisão do Paraguai.