Explosão que matou 85 no México pode só 'piorar situação do povo com mais violência'

A explosão de um oleoduto da Pemex no estado de Hidalgo, no centro do México, que matou 85 pessoas, deixando outras 66 feridas e ao menos 58 desaparecidas aconteceu aos "olhos" das Forças Armadas e policiais que não conseguiram conter a multidão.
Sputnik

O número de mortes da explosão em um oleoduto da empresa Pemex já totaliza 85, segundo balanço divulgado pelo ministro da Saúde do México, Jorge Alcocer.

O local da tragédia se encontra entre duas estradas que levam ao centro da cidade Tlahuelilpan. Trata-se da região que fornece combustível para o centro do México, a 15 km da refinaria Tula, de onde começa o oleoduto. Agora, não passa de um campo devastado e com cheiro forte.

A hora do acontecimento foi determinada pelo governador de Hidalgo, Omar Fayad. Às 16h30 de 19 de janeiro, Pemex comunicou uma perfuração clandestina e as Forças Armadas foram enviadas imediatamente para lá, chegando depois das 17h.

Segundo o governador, as autoridades tentaram conter os cidadãos que estavam com galões nas mãos para pegar gasolina. A pressão ocasionou liberação intensa de hidrocarbonetos, e os avisos das Forças Armadas não foram suficientes para conter o povo.

Corpos queimados são inspecionados por peritos depois da explosão do oleoduto da Pemex

Depois de duas horas do surgimento de um gêiser de gasolina de 10 metros de altura, que cobriu todas as pessoas, a gasolina entrou em combustão.

"A maioria ficou sabendo pelas redes sociais ou por mensagens do WhatsApp que podia conseguir a gasolina que quiser, e daí dá para imaginar. Nenhum de nossos familiares estava lá, graças a Deus, mas quando explodiu todos buscaram os seus no local", comentou um comerciante, que preferiu manter anonimato.

O homem afirmou que desde outubro a presença militar já vinha aumentando, mas crê que a situação piore ainda mais. "Eu creio que piorará situação do povo com mais violência", assinalou o interlocutor da Sputnik Mundo.

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Mulher busca na lista de feridos parente desaparecido depois da explosão de oleoduto da Pemex.
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Soldado caminha por onde morreram pelo menos 85 pessoas na explosão de oleoduto da Pemex.
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Pessoas perto da explosão do oleoduto da Pemex tentando encontrar parentes desaparecidos.
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Juan Luis Lomelí Plascencia, subsecretário do governo de Hidalgo, fala com familiares das vítimas da explosão do oleoduto da Pemex.

Quanto à responsabilidade institucional do Exército do México, que não conseguiu conter a situação massacrante, o presidente Andrés Manuel López Obrador aprovou ações do comando militar.

"Eu apoio a posição assumida pelo Exército. Nós não podemos enfrentar estes atos com medidas coercivas, não podemos reprimir. Deter significa, em dado momento, desatar repressão", afirmou.

Famílias e busca

Luis Lomelí, subsecretário do governo de Hidalgo, indicou à Sputnik que 25 soldados foram enviados ao local devido ao alarme da Pemex e que "não conseguiram conter 500 pessoas".

Levando em consideração a incineração dos corpos, a identificação será realizada através de DNA. Funcionários declararam às famílias das vítimas que, para identificação, uma denúncia deve ser feita ao Ministério Público de Mixquiahuala de Juárez, onde o sangue de familiares foi recolhido para comparar com DNA dos cadáveres.

Irmão mostra foto de Cesar Uriel Peña Linares, de 23 anos, desaparecido depois da explosão do oleoduto da Pemex

Perto do Ministério Público há três mulheres (Blanca, Tania y Sandra) alimentando as famílias afetadas.

Tania disse à Sputnik que nunca viu explosão tão forte e que está tentando ajudar. "Compreendemos a dor de não saber da sua família, que eles não têm cabeça para pensar em comida, e isso os prejudica. Precisamos ajudá-los pelo menos um pouco", comentou a mulher.

O procurador da República, Alejandro Gertz Manero, comunicou que a identificação dos cadáveres está sendo realizada com verba da justiça estatal e chefiada pelo procurador Raúl Arroyo.

Segundo a hipótese preliminar do procurador, "o oleoduto estava cheio de gasolina de muito alta octanagem, o que gerou gases de grande letalidade e por isso quando as pessoas começaram a se aproximar e mover ativamente na zona, a roupa sintética pôde ter gerado reações elétricas. Isso é o início da investigação do que pode ter gerado a explosão".

O presidente López Obrador não anunciou quando visitará a zona afetada, mas garantiu que as vítimas receberão "apoio total".

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