Segundo o cientista político alemão Aleksandr Rahr, os "americanos, por anos, acusam a Rússia de, supostamente, usar recusros energéticos como armamento para controlar e conquistar a Europa".
"No entanto, agora eles estão fazendo o mesmo de forma clara. Eles estão usando os instrumentos políticos para pressionar a Alemanha, ameaçam adotar sanções contra empresas alemãs. Tudo para garantir o fornecimento do seu gás liquefeito natural (GNL) para a Europa. Estão usando seu gás como arma. Isso está claro para todos. E essa moral dúbia não é aceitável para a Alemanha", completou Rahr.
Rahr pensa que, "se a Alemanha ceder na questão do Nord Stream [Corrente do Norte 2], ela se exporá ao ridículo". Para o analista, Berlim já "despolitizou" o tema e trara o projeto como "comercial", como algo apoiado por empresa alemãs.
"Os americanos querem obrigar os europeus, particularmente os alemães, a continuar mantendo a Ucrânia na ativa. Ou seja, precisamos proibir que os russos construam gasodutos sem passar pela Ucrânia, que assim se tornará país de trânsito monopolisado e também usará o fornecimento de energia como arma. Isso está claro para Alemanha, que apoia historicamente uma aliança energética com a Rússia", concluiu Rahr.
Um ex-diplomata norte-americano, baseado em Washington, Michael Springmann, parece concordar com a opinião do analista europeu. O ex-diplomata afirmou que a pressão dos EUA sobre o gasoduto é basicamente outra tentativa do governo dos EUA de controlar tanto a Europa quanto a Rússia.
"Os EUA tentaram bloquear os gasodutos russos que poderiam entregar gás mais barato para a Europa. Os EUA buscam usar sua pressão na Europa para prejudicar a economia russa através do corte de vendas de gás natural. É também uma forma de controlar a Europa, forçando-a a comprar gás liquefeito americano mais caro. Isso também prejudicará os europeus através do aumento dos preços em uma parte vital de sua economia".
O Nord Stream 2 é uma joint venture entre a russa Gazprom e quatro empresas européias. Além da austríaca OMV AG, conta com a participação da France Engie (França), Royal Dutch Shell (Reino Unido e Alemanha), Uniper e Wintershall (Alemanha).
Washington se manifestou contra o Nord Stream em diversas ocasiões, alegando que o projeto aumentaria a dependência da Europa ao gás russo. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, por sua vez, disse que Donald Trump só está defendendo os interesses das empresas norte-americanas que querem vender GNL mais caro para a Europa.