O CEO e presidente da instituição de investimento de Wall Street, James Gorman, acrescentou que as empresas não devem ser dissuadidas de se envolver com Riad, apesar do assassinato do jornalista saudita dissidente Jamal Khashoggi no ano passado.
"O assassinato de Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul foi totalmente inaceitável", afirmou Gorman durante um painel no Fórum Econômico Mundial (FEM) em Davos, na Suíça.
"Mas o que você faz? Que parte você desempenha no processo de mudança econômica e social? ", acrescentou.
"Há muitos países que lidam com questões de corrupção de muitas maneiras criativas. Isso é certamente um dos mais criativos. Você poderia argumentar um dos mais eficientes", completou Gorman para uma plateia risonha.
O ministro das Finanças saudita, Mohammed al-Jadaan, que estava presente no painel de discussão, disse que o reino estava "absolutamente triste" com o assassinato de Khashoggi.
"Bata em qualquer porta na Arábia Saudita e as pessoas vão dizer como estão tristes", comentou, complementando que o que aconteceu tinha sido "estranho ao nosso DNA" e "totalmente contra nossas crenças, cultura e religião".
Enquanto isso, Sarah Leah Whitson, diretora do Oriente Médio e Norte da África da Human Rights Watch (HRW), acusou o FEM de ajudar a "normalizar" as ações da Arábia Saudita.
"Como se centenas de líderes de negócios e de mídia do país não fossem presos arbitrariamente — com alguns torturados, um morto — e forçados a perder seus ativos em uma extorsão massiva de US$ 100 bilhões, fora de qualquer processo legal aparente", avaliou.
Dois anos atrás, o sofisticado hotel Ritz-Carlton, na capital da Arábia Saudita, foi transformado em uma prisão para a elite real acusada pelo regime dominante de corrupção. Centenas de pessoas, incluindo empresários, autoridades e 17 príncipes foram presos como parte do expurgo, que teria como objetivo recuperar até US$ 100 bilhões deles.
As prisões foram lideradas pelo príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, que alegou que a medida foi uma tentativa de reformar a economia saudita e acabar com a corrupção. Os críticos de Bin Salman afirmam que foi um movimento para consolidar seu poder.
Entre os detidos estavam o príncipe bilionário Alwaleed Bin Talal, dono do investidor mundial Kingdom Holding, e Waleed al-Ibrahim, que controla a influente emissora regional MBC.
Alwaleed, que é sobrinho do rei saudita Salman, foi classificado como o 64º homem mais rico do mundo, e já foi apelidado de "Warren Buffett árabe".