Envolvido no massacre a 86 civis, ex-membro nazista pode ser julgado por incitação ao ódio

Devido a uma série de declarações feitas na TV por Karl Munter, um ex-funcionário da organização nazista Schutzstaffel (SS), o escritório da procuradoria de Hildesheim (Alemanha), deu início a uma investigação para decidir se abrirá um processo criminal contra ele.
Sputnik

As declarações do ex-oficial foram feitas em uma entrevista televisionada no canal alemão NDR, em dezembro de 2018. No dia 31 de janeiro, a porta-voz do programa para o qual a entrevista foi gravada voltou a falar sobre a questão.

Acredita-se que tais pronunciamentos poderiam constituir um crime de ódio, mais precisamente um "volksverhetzung" (incitação maciça), o que poderia lhe valer até cinco anos de prisão.

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Em 1944, na França ocupada, perto da fronteira belga, ocorreu o massacre de Ascq, em que 86 franceses foram mortos em retaliação pelo descarrilamento de um trem alemão devido à detonação de um explosivo colocado por membros da resistência. Munter, que agora tem 96 anos, foi um dos envolvidos nesse genocídio.

O ex-oficial acabou causando um debate sério, 75 anos após o massacre, ao justificar o acontecimento: "Se eu os prendesse, respondia por eles. E se tentassem fugir, tinha o direito de atirar neles".

Durante a entrevista, ele ainda questionou a veracidade do número de vítimas judaicas do Holocausto, negando que "não havia seis milhões de judeus na Alemanha na época" e que o "número está incorreto".

"Não, não me arrependo de nada. […] Por que eu deveria me arrepender? Não disparei nenhum tiro", respondeu o ex-funcionário quando questionado se estava arrependido dos acontecimentos de 1944.

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Apesar de Munter ter sido condenado à revelia pela morte de autoridades francesas em 1949, ele não cumpriu nenhum dia de prisão, pois o veredicto prescreveu (as leis francesas preveem 20 anos para a execução das sentenças), além de constar no direito europeu que um cidadão da UE não pode ser processado por crimes já julgados em outro país membro.

As consequências do massacre ainda estão enraizadas na população dessa região francesa, onde, após o ocorrido, cerca de 20 mil pessoas assistiram ao funeral das vítimas e aproximadamente 60 mil trabalhadores provocaram a maior greve já ocorrida na França.

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