As duas últimas reuniões ocorreram quatro dias após Abrams declarar que já tinha passado o tempo para manter um diálogo com o governo de Maduro, segundo a Agência Associated Press, que entrevistou Maduro.
Mesmo crítico da postura beligerante do presidente estadunidense Donald Trump diante do seu governo socialista, Maduro revelou que espera realizar uma reunião com o líder dos EUA para resolver a crise no país caribenho, agravada com o reconhecimento que a Casa Branca fez do líder da oposição, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela.
Maduro assegurou que não vai renunciar e destacou que a ajuda humanitária norte-americana que está atualmente na fronteira com a Colômbia eram simples "migalhas" depois que o governo dos Estados Unidos congelou milhões de dólares em ativos venezuelanos.
Transição tem que incluir chavismo e militares, diz líder da oposição
Um governo de transição na Venezuela teria que incluir chavistas e militares para alcançar estabilidade política e garantir eleições presidenciais livres no país do petróleo, de acordo com um líder da oposição de alto escalão.
A possibilidade de espaço aberto para abandonar o governo de Maduro começou a ser discutida no Parlamento, que impulsiona um processo de transição após ter declarado presidente ilegítimo, alegando que as garantias democráticas não foram respeitadas nas eleições, em cuja principal os líderes da oposição não puderam concorrer.
O Congresso apoiou a autoproclamação de Guaidó como presidente interino. Os Estados Unidos, a União Europeia e muitos países latino-americanos reconheceram o líder da oposição.
O vice-presidente do Congresso, Stalin Gonzalez, disse à Agência Reuters nesta quinta-feira que a abertura para integrar o chavismo é tão necessária quanto a pressão popular e o apoio internacional para Maduro ceder o poder e ter uma transição ordenada.
"Achamos que o chavismo e os militares deveriam fazer parte desse governo de transição", disse o deputado da oposição, referindo-se aos seguidores do falecido presidente Hugo Chávez. "Temos que dar espaço ao chavismo, que não é Maduro, porque tem que haver estabilidade política", acrescentou o parlamentar.
A Venezuela sofre uma profunda crise econômica, com escassez de produtos básicos e o fracasso dos serviços públicos, o que levou, de acordo com as Nações Unidas, cerca de 3 milhões de venezuelanos a emigrar.
A oposição ofereceu garantias e anistia aos militares e funcionários que não reconhecem Maduro, buscando superar a pior crise política do país em décadas.
Maduro rejeitou as ações da oposição e denunciou que elas são parte de uma estratégia dos EUA para derrubá-lo e assumir o controle da riqueza do petróleo da Venezuela.
O presidente venezuelano mantém o apoio de potências como a China e a Rússia, embora nesta quinta-feira o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, tenha lembrado que Caracas deve cumprir as obrigações de dívida com Moscou.
Cuba também denunciou na quinta-feira o que chamou de uma escalada de pressão dos Estados Unidos para preparar uma ação militar contra a Venezuela e expressou sua solidariedade "inabalável" com Maduro.
Oposição vai trabalhar para abordar a Rússia
A oposição venezuelana vai trabalhar no estabelecimento de contatos com a Rússia para discutir diferentes questões, incluindo contratos com a petrolífera estatal venezuelana PDVSA, disse o vice-presidente da Assembleia Nacional, José Manuel Olivares, à Sputnik em Washington.
"Acho que uma forma de comunicação entre o novo governo da Venezuela e a Rússia será estabelecida de alguma forma", declarou Olivares nesta quinta-feira, durante uma conferência de ajuda à Venezuela.
Quando questionado sobre os contratos entre a PDVSA e a Rússia, o deputado disse: "O governo precisa trabalhar nisso a fim de estabelecer uma forma de comunicação com a Rússia para discutir isso diretamente".