Para Rússia, Venezuela pode ser uma 'versão econômica' da Síria

Enquanto o Ocidente continua aumentando pressão sobre a Venezuela, há cada vez mais informações de que a Rússia planeja apoiar o governo venezuelano legítimo e contribuir para a regularização da situação no país. Após a operação militar bem-sucedida na Síria, a Rússia vai provar sua capacidade de prestar ajuda econômica a outro país.
Sputnik

A colunista Irina Alksnis revelou, em seu artigo especial para a Sputnik, o que está por trás da decisão da Rússia de prestar ajuda econômica à Venezuela e que dificuldades Moscou poderia enfrentar. 

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Recentemente, o presidente dos EUA Donald Trump avisou os militares venezuelanos de que podem "perder tudo" se não abandonarem Nicolás Maduro e aceitarem Juan Guaidó como presidente interino do país.

John Bolton, conselheiro de Trump para a segurança nacional, declarou, por sua vez, que o adido militar da Venezuela nas Nações Unidas, coronel Pedro Chirinos, reconhece Juan Guaidó como presidente interino do país.

Para Alksnis, os EUA não estão prontos para uma intervenção militar direta, apostando na pressão das sanções e provocações sob o pretexto de ajuda humanitária. Entretanto, segundo ela, as autoridades venezuelanas continuam resistindo a essa pressão e "parece que essa firmeza está ligada, em grande medida, a Moscou".

Por exemplo, a chancelaria russa já avisou Washington contra uma intervenção militar na Venezuela e propôs a Caracas ajuda no que se refere à solução da crise política interna. Além disso, o Ministério das Finanças da Rússia informou que Moscou apresentou a Caracas um plano informal para o restabelecimento da economia nacional. Finalmente, segundo a agência Reuters, a maioria dos fornecimentos de combustível à Venezuela é proveniente da Rússia (as refinarias venezuelanas estão em estado bastante catastrófico). 

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A agência Bloobmerg, por sua vez, informou que o governo venezuelano ordenou que os dirigentes de cerca de 50 empresas venezuelanas abram contas bancárias na Rússia, Turquia, China e Índia e começou a fortalecer os contatos com fornecedores nesses países para evitar as sanções dos EUA.

Levando em conta todas essas notícias, Alksnis disse que a Venezuela se tornou uma espécie de "Síria econômica" para a Rússia.

Ela lembrou que, há três anos e meio, a Rússia lançou a operação militar na Síria, que pode ser considerada histórica. Com forças militares limitadas e ações discretas, a Rússia atingiu grandes sucessos.

"Moscou não apenas mudou o rumo da guerra e salvou o Estado sírio do colapso. Através dos seus esforços políticos e militares, a Rússia lançou também o processo de regularização política real no país e a transformação geopolítica na região", explicou Alksnis.

Para a analista, Moscou mostrou a todo o mundo do que é capaz e com que os países que estão sob pressão política e militar do Ocidente podem contar se pedirem ajuda à Rússia. Essa ajuda representa uma cooperação mutuamente vantajosa e nenhuma intervenção nos assuntos interno do país. 

Entretanto, segundo Alksnis, o sucesso da Rússia na Síria não se tornou algo extraordinário, porque todo o mundo entende que a Rússia "sabe como fazer a guerra" e "sabe como trabalhar no Oriente Médio".

O caso venezuelano não é tão simples porque são os problemas econômicos os responsáveis pela atual crise no país. No entanto, segundo a colunista, apesar de todas as dificuldades, Moscou tem como objetivo salvar a economia venezuelana e contribuir para a regularização política no país, a despeito das intenções dos EUA de derrubarem as autoridades venezuelanas. 

A jornalista sublinha que a Rússia nunca foi guru da política econômica, têm sido o Ocidente e o FMI a lidar com essas questões. Entretanto, desta vez a Rússia escolheu esse campo. 

Embora ainda não seja evidente se essa tentativa será bem-sucedida e muitos falem que há pouca possibilidade de êxito, há três anos o mesmo foi dito sobre a operação militar russa na Síria, que não obstante foi coroada de numerosas vitórias e êxitos, concluiu a analista.

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A tensão política na Venezuela aumentou desde que, em 23 de janeiro, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e líder da oposição, se declarou presidente interino do país.

Os EUA e vários países da Europa e América Latina, inclusive o Brasil, reconheceram Guaidó como chefe de Estado interino do país, enquanto a Rússia, China, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Turquia, México, Irã e muitos outros países manifestaram apoio a Maduro como presidente legítimo do país e exigiram que outros países respeitem o princípio de não interferência nos assuntos internos do país latino-americano.

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