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Especialista: Transferir líderes do PCC para presídios federais é estratégia insustentável

Terminou nessa quarta, o período estabelecido por decreto presidencial para que militares cuidassem da segurança no entorno de presídios para onde foram transferidos os chefes do PCC – Primeiro Comando da Capital. Especialista em segurança ouvido pela Sputnik diz que ações do tipo são ineficientes e contribuem para reestruturação do crime no país.
Sputnik

A transferência dos presos para instalações de segurança máxima administradas pelo governo federal foi autorizada pela justiça após a descoberta de um engendrado plano para resgatar o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Além dele, outros 22 presos ligados à cúpula do PCC foram transferidos em uma operação que envolveu policiais militares, federais e as forças armadas, configurando a mais abrangente ação contra a facção já promovida por Brasília para tentar minar o poder dos criminosos.

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Os líderes do PCC, até então encarcerados na Penitenciária 2 (P2) de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, foram levados para Mossoró, no Rio Grande do Norte, Brasília, no Distrito Federal e Porto Velho, em Roraima. Na opinião do ex-comandante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e pesquisador de segurança pública da UERJ, Robson Rodrigues, a estratégia deve se mostrar falha na tentativa de desestruturar o PCC e servirá para "acirrar os ânimos desse barril de pólvora chamado sistema prisional brasileiro".

Na opinião do especialista, policiais federais e militares não estão acostumados com a segurança de presídios porque a tarefa não faz parte do escopo de atuação destes profissionais. Para Rodrigues, além de "inviável, a estratégia do governo é insustentável no longo prazo". "[Medidas assim] reforça aos segmentos criminosos a presunção de que em algum essas tropas vão retornar [para suas atividades normais]. Muitas vezes, os presos aguardam isso acontecer para reorganizar [a estrutura do crime]", avalia.

O ex-comandante da PM diz ainda que a ineficiência da justiça penal, somada às parcas condições de segurança nos presídios acaba facilitando a vida do crime organizado.

"Temos uma situação muito ruim e degradante para os presos, mesmo para aqueles que poderiam ser socializados mais rapidamente se houvesse um cumprimento fiel das leis de execução penal. [O Estado] acaba oferecendo de bandeja esses presos para que sejam cooptados por organizações criminosas (…), dentro de um sistema que os deixa muito vulneráveis a um crime e em meio a disputas de domínio que o Estado já perdeu", afirma.

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Robson acredita que, quando o governo brasileiro não apresenta eficiência "nem na execução da justiça, nem no sistema policial e quiçá dos presídios", acaba facilitando a organização da criminalidade, já que, na visão do especialista, células criminosas do PCC age por princípios e possui regras definidas de atuação. Para o especialista, a melhoria da situação passa por uma reformulação completa da forma como o Brasil lida com condenados.

"É preciso reformular os presídios, uma reforma da justiça criminal que acaba focando em crimes de menor potencial violento. Precisamos também aprimorar o sistema policial por meio de uma polícia efetiva, preventiva, que use mais a inteligência e menos a força. Do contrário, teremos muito mais ações reativas que soluções de médio e longo prazo", conclui.

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