A transferência dos presos para instalações de segurança máxima administradas pelo governo federal foi autorizada pela justiça após a descoberta de um engendrado plano para resgatar o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Além dele, outros 22 presos ligados à cúpula do PCC foram transferidos em uma operação que envolveu policiais militares, federais e as forças armadas, configurando a mais abrangente ação contra a facção já promovida por Brasília para tentar minar o poder dos criminosos.
Na opinião do especialista, policiais federais e militares não estão acostumados com a segurança de presídios porque a tarefa não faz parte do escopo de atuação destes profissionais. Para Rodrigues, além de "inviável, a estratégia do governo é insustentável no longo prazo". "[Medidas assim] reforça aos segmentos criminosos a presunção de que em algum essas tropas vão retornar [para suas atividades normais]. Muitas vezes, os presos aguardam isso acontecer para reorganizar [a estrutura do crime]", avalia.
O ex-comandante da PM diz ainda que a ineficiência da justiça penal, somada às parcas condições de segurança nos presídios acaba facilitando a vida do crime organizado.
"Temos uma situação muito ruim e degradante para os presos, mesmo para aqueles que poderiam ser socializados mais rapidamente se houvesse um cumprimento fiel das leis de execução penal. [O Estado] acaba oferecendo de bandeja esses presos para que sejam cooptados por organizações criminosas (…), dentro de um sistema que os deixa muito vulneráveis a um crime e em meio a disputas de domínio que o Estado já perdeu", afirma.
"É preciso reformular os presídios, uma reforma da justiça criminal que acaba focando em crimes de menor potencial violento. Precisamos também aprimorar o sistema policial por meio de uma polícia efetiva, preventiva, que use mais a inteligência e menos a força. Do contrário, teremos muito mais ações reativas que soluções de médio e longo prazo", conclui.