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Alerta na Amazônia: governo Bolsonaro considera construção de novas hidrelétricas

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse na segunda-feira que o governo está aberto a avaliar novos projetos hidrelétricos na região da Amazônia. A Sputnik Brasil conversou com especialistas sobre o impacto que tais projetos podem ter na região.
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Ao afirmar que novos projetos hidrelétricos poderiam ser implementados na Amazônia, o ministro destacou que a decisão sobre eventuais novos empreendimentos dependerá de uma avaliação técnica do Ibama. 

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O engenheiro florestal e pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), Paulo Barreto, explicou à Sputnik Brasil como é realizado o procedimento para este tipo de projeto. 

"Esse é o procedimento padrão que existe. O Ibama é responsável por avaliar os impactos ambientais, no último caso eles avaliaram a hidrelétrica de Tapajós e não concederam a licença. Segundo o relatório que o Ibama emitiu, havia um problema com terras indígenas, com povos indígenas que ocupam determinadas áreas, que poderiam ser inundadas, e os estudos de fauna e outros impactos estavam fracos, e aí o Ibama rejeitou", explicou. 

"Qualquer hidrelétrica vai ter algum tipo de impacto direto de inundação em determinado território. Aí depende do que tem naquele território. Vão ter casos de biodiversidade específicos daquela região, a questão das terras indígenas, que é um tema importante", acrescentou. 

Já o engenheiro, professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-diretor da CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), José Antônio Feijó, em entrevista à Sputink Brasil, disse concordar com a ideia de que o Brasil tem necessidade de construir usinas hidrelétricas.

"A região amazônica é uma reserva de energia hidroelétrica muito importante para o Brasil, que infelizmente não vem sendo aproveitada convenientemente. É claro que todo o trabalho que venha a ser feito neste sentido deverá respeitar absolutamente as condições do meio ambiente, da preservação, e inclusive da questão dos índios, dos terrenos indígenas, tudo deverá ter o máximo de cuidado possível. Mas eu tenho plena consciência de que, mesmo assim, é conveniente e necessário para o Brasil", afirmou Feijó. 

De acordo com ele, é possível criar uma linha hidrelétrica atendendo a todas as demandas para que não haja prejuízo para ninguém, mas destacou que há um impasse que gera ressalva para o projeto. 

"Há mais de 5 ou 6 anos que esta parada esta obra, e, portanto, o estado de Roraima acabou ficando dependente seja da Venezuela, que já tem as suas dificuldades próprias, seja de usinas térmicas, produzindo mais inconveniência para o meio ambiente, seja a poluição resultante da queima dos derivados de petróleo", argumentou. 

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O especialista ainda acrescentou que a floresta Amazônica é uma floresta úmida, por isso não haveria incompatibilidade de reservatórios de água e a própria floresta. "Porque a floresta tem áreas imensas que permanecem durante certo tempo inundadas, tenham ou não tenham hidrelétrica", completou. 

Já o engenheiro florestal, Paulo Barreto, citou casos de desmatamento indireto que são provocados por uma migração para terras públicas que não estão bem protegidas, gerando ampliação de estradas, oportunidades para ganhar dinheiro com grilagem de terra, extração de madeira, etc. 

"O que os estudos mostram é que tem o que a gente chama de impacto indireto. Quando vai fazer um grande projeto desses, ele atrai uma imigração. Tem a imigração específica que é a da obra, que depois sai, mas acaba atraindo um outro tipo de imigração que em muitos casos e tem uma aceleração do desmatamento no entorno destes projetos", afirmou o engenheiro florestal. 

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