O que teria impulsionado China a enviar caças ao estreito de Taiwan?

Aviões da Força Aérea taiwanesa decolaram no domingo (31) para interceptar caças chineses no estreito de Taiwan, declarou o departamento militar da ilha. Taipé afirma que dois caças chineses J-11 atravessaram a chamada linha média no estreito de Taiwan, entrando em seu espaço aéreo.
Sputnik

Mesmo havendo uma tensão entre Taiwan e China desde 2016, com a tomada de posse da presidente taiwanesa Tsai Ing-wen, o último incidente ganha atenção. Para Pequim, seria uma forma de passar um aviso não só para Taipé, mas também para Washington, comentou o vice-diretor do Instituto dos Países da Ásia e África da Universidade Estatal de Moscou, Andrei Karneev, para Sputnik.

Segundo especialista, Washington está cada vez mais tentando provocar Pequim na região. Na segunda-feira (25), dois navios de guerra americanos passaram pelo estreito de Taiwan, sendo essas operações consideradas rotineiras pelo Pentágono. Operações de patrulha dos EUA perto de Taiwan foram iniciadas no terceiro trimestre de 2018. Só neste ano, o Comando da Marinha do Pacífico dos EUA enviou duas vezes navios para a costa de Taiwan.

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Em janeiro, foi noticiado que o destróier USS McCampbell atravessou o estreito de Taiwan. Na semana passada, mais especificamente em 25 de fevereiro, o USS Stethem (DDG 63) e o USNS Cesar Chavez (T-AKE-14) realizaram passagem "rotineira" pelo estreito de Taiwan. Para os Estados Unidos, a travessia de seus navios militares pelo estreito de Taiwan demonstra o compromisso com um Indo-Pacífico livre e aberto.

É pouco provável que Pequim aceite essa explicação. China acredita que se aproximar da linha vermelha e testar paciência um do outro como na Guerra Fria não é a melhor das opções para chineses e norte-americanos. Sem contar que as relações já não estão lá essas coisas na esfera comercial e econômica.

Apesar de o presidente dos EUA ter confirmado compromisso com a política de "China única" em seus contatos com Xi Jinping, poucos duvidam que Donald Trump e sua administração continuem usando a questão taiwanesa para pressionar Pequim. Assim, o orçamento de defesa para 2019 não significou apenas apoio simbólico para o governo de Taiwan, mas a expansão da cooperação militar entre os EUA e a ilha.

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Segundo o documento, os EUA pretendem apoiar a modernização técnica do Exército de Taiwan com a possibilidade de exercícios militares conjuntos e contatos oficiais entre as duas partes.

Embora seja pouco provável que um imediato conflito militar por causa de Taiwan aconteça, Pequim está aumentando as apostas no jogo político, expressando insatisfação com a aproximação de Washington e Taipé e enfatizando o papel fundamental da política de "China única" para estabilidade e segurança no estreito de Taiwan.

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Uma razão do aparecimento de caças no céu sobre o estreito de Taiwan poderia ter sido aumento na cooperação técnico-militar entre os EUA e Taiwan, em particular, os planos de vender para a ilha aviões militares.

De acordo com a Bloomberg, o governo dos EUA aprovou recentemente o pedido de Taiwan para comprar 60 caças F-16. Pequim deixa claro que, em caso de aprofundamento da cooperação entre os EUA e Taiwan no domínio militar, ela deverá tomar medidas adequadas.

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