Por que razão China aumenta importação de petróleo do Irã e Venezuela?

De janeiro a março, as importações chinesas de petróleo a partir do Irã e Venezuela aumentaram consideravelmente. Especialistas pensam que a China está tentando ajudar seus parceiros no contexto das sanções dos EUA, mas existe ainda outra razão.
Sputnik

No 1º trimestre de 2019, o volume de petróleo transportado do Irã para a China em petroleiros aumentou 78% — de 431.100 para 767.200 barris por dia. A partir da Venezuela o volume teve um crescimento ainda maior, 193% — de 84.200 para 246.800 barris diários, de acordo com o portal TankerTrackers.

Segundo analistas russos, a compra ativa de petróleo venezuelano e iraniano por parte da China está ligada ao desejo de Pequim apoiar os seus parceiros no contexto da pressão por parte dos EUA.

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No total, os EUA bloquearam ativos da estatal venezuelana PDVSA, provenientes da venda de petróleo, no valor de US$ 7 bilhões. Até ao final de 2019, as perdas da petrolífera Venezuelana rondarão os US$ 11 bilhões.

Atualmente, a China é o maior credor da Venezuela, explica o especialista em estudos orientais Alexei Maslov. Deste modo, no contexto da crise econômica e política na Venezuela, Pequim está protegendo seus investimentos financeiros com a ajuda de compras de petróleo em grande escala.

Segundo a consultora venezuelana Ecoanalítica, em janeiro a dívida nacional da Venezuela para com a China era cerca de US$ 21 bilhões. Ao mesmo tempo, como notou Natalia Milchakova do centro analítico russo Alpari em entrevista à RT, segundo várias fontes, o montante total de investimentos da China na Venezuela varia entre 50 e 70 bilhões de dólares.

De acordo com Milchakova, neste momento Pequim está também seriamente preocupada com a proteção dos seus interesses no Irã.

Em novembro de 2018 entraram em vigor as sanções dos EUA. No entanto, a Casa Branca deu um prazo adicional de 180 dias a alguns grandes importadores. Sendo assim, até 5 de maio de 2019 a China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Grécia, Itália e Turquia ainda podem comprar os hidrocarbonetos do Irã.

Nesta situação, segundo o TankerTrackers, de janeiro a março, a cota-parte da China nas exportações de petróleo iranianas por via marítima aumentou de 29,3% para 42,6%.

"A dívida do Irã para com a China não é tão grande como a da Venezuela, mas o Irã continua a ser um dos maiores fornecedores de petróleo. Além disso, as companhias chinesas estão interessadas em trabalhar nos campos de petróleo do Irã, pois Pequim está investindo em alguns projetos de infraestrutura na República Islâmica. Desse jeito, a China está realmente a proporcionar apoio econômico a seus parceiros, compensando as sanções dos EUA contra estes países", explica Michalkova.

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Além disso, de acordo com Maslov, a parceria ativa com o Irã e a Venezuela no setor energético também está diretamente relacionada com as tensas relações entre a China e os Estados Unidos. Segundo o especialista, mesmo se os EUA e a China chegarem a assinar um acordo comercial e acabarem com a guerra de tarifas, Washington continuará pressionando Pequim. Portanto, a China está tentando fortalecer a cooperação com seus parceiros.

"A China importa petróleo e gás principalmente da Rússia, dos países do golfo Pérsico e dos Estados Unidos. Mas os EUA podem cortar o fornecimento de recursos à China e influenciar negativamente o fornecimento de petróleo dos países do Oriente Médio. Neste contexto, a China está procurando opções alternativas quanto à compra de matérias-primas energéticas'', explicou Maslov.

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