No final de 2018, Seul havia se tornado o maior comprador de petróleo americano transportado por via marítima. As entregas chegaram a atingir uma média de 550 mil barris por dia.
Devido a um nível muito alto de impurezas no óleo importado, duas importantes refinarias sul-coreanas, a SK Innovation e a Hyundai Oilbank, deixaram de receber os fornecimentos dessa matéria-prima do campo petrolífero de Eagle Ford, no sul do estado norte-americano do Texas.
O principal motivo da poluição foi a falta de capacidade dos oleodutos para bombear os volumes crescentes de óleo de xisto. As empresas têm de utilizar os mesmos gasodutos e instalações de armazenagem de petróleo para transportar todos os tipos deste combustível, o que acaba criando impurezas.
"Diferentes tipos de petróleo bruto provenientes de jazidas de xisto — do Texas ao Dakota do Norte — passam pela mesma rota de entrega e coletam impurezas antes de chegar à Ásia, a maior região consumidora de petróleo do mundo", explica a Bloomberg, observando que a composição química instável do "ouro negro" se tornou uma "verdadeira dor de cabeça" para os compradores.
Sebastien Barie, representante da petrolífera sul-coreana Hanwha Total Petrochemical, disse à Bloomberg que são constantemente encontrados metais, produtos químicos usados para limpar os tanques de armazenamento de petróleo, bem como produtos de oxidação que podem degradar drasticamente a qualidade do combustível produzido a partir dessas matérias-primas.
Bariye ressaltou que o petróleo americano é de qualidade muito inferior ao do Oriente Médio, que é transportado pela mesma rota, mas tem muito menos impurezas, já que cada tipo é geralmente bombeado por um oleoduto separado.
A Coreia do Sul avisou oficialmente os fornecedores estrangeiros de que irá controlar a qualidade do petróleo de xisto antes de retomar as compras.
"O problema é que, nos Estados Unidos, o desenvolvimento da infraestrutura necessária para conectar os campos com os portos de águas profundas está significativamente atrasado em relação à exportação", disse Dennis Sutton, diretor executivo da Crude Oil Quality Association.
A extração de óleo e petróleo de xisto sofre atualmente uma queda dos preços e a indústria tem de reduzir os custos, enfrentando ao mesmo tempo uma grave escassez de investimento: há dez anos que este mercado tem vindo a causar apenas perdas, não satisfazendo as expectativas dos investidores. Em 2018, a indústria recebeu metade do investimento de 2016. Em comparação com 2012, os investimentos diminuíram em dois terços.
Analistas do Barclays alertam que agora que a produção de petróleo nos EUA atingiu um nível recorde de quase 12 milhões de barris por dia, a indústria atingiu o teto. É simplesmente impossível aumentar ainda mais a produção.