Como Rússia ajuda Angola a se transformar em potência espacial?

Em entrevista à Sputnik Brasil, o embaixador da Rússia em Angola, Vladimir Tararov, falou sobre o objetivo da cooperação com Angola na área espacial e revelou alguns detalhes quanto ao futuro dessa cooperação.
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Durante a visita oficial do presidente angolano, João Lourenço, a Moscou, realizada no início de abril, a Rússia e Angola assinaram vários acordos intergovernamentais, incluindo sobre pesquisa e uso pacífico do espaço exterior.

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Vladimir Tararov, embaixador da Federação da Rússia na República de Angola, comentou à Sputnik Brasil as perspectivas e os planos da cooperação espacial entre os dois países.

O diplomata sublinhou que a cooperação espacial russo-angolana tem se desenvolvido já há muito tempo.

"Começamos a construir para a Angola uma espécie de sistema, ou dizendo melhor, uma indústria espacial. O primeiro projeto nesse campo foi o satélite AngoSat, que foi desenvolvido em 2012. Ele prevê a criação de uma espécie de sistema fechado, ou seja, o lançamento do satélite é apenas uma parte desse sistema. Sua parte principal se baseia em terra", explicou Tararov.

Segundo o embaixador, "trata-se de um complexo para controle de satélites, ligação e comunicações".

"[Esse complexo] foi construído com as tecnologias mais avançadas e se situa em Funda, a cerca de 30 quilômetros de Luanda. Isso é, literalmente, uma casa inteligente que controla tudo, incluindo a umidade, que tem um sistema de extinção de incêndios avançado, um sistema de controle de satélites e de comunicação com satélites", revelou ele.

Tararov sublinhou que, quando os especialistas russos construíram o primeiro satélite AngoSat-1, os construtores angolanos acompanharam todo o processo de construção, ou seja, receberam formação não apenas teórica, mas também prática.

"Criamos em Angola uma elite intelectual na área espacial. Nenhum outro país tem potencial de recursos humanos tão grande nessa área como Angola. Foram criados especialistas excepcionais que sabem de satélites, sabem operar satélites e assim por diante", revelou o embaixador.

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De acordo com ele, embora o processo de construção do primeiro satélite angolano AngoSat-1 tivesse sido bastante difícil, ele conseguiu entrar em órbita, os especialistas angolanos que se estavam em Funda foram os primeiros a entrar em contato com ele. Infelizmente, devido a uma falha no sistema de alimentação, o satélite deixou de funcionar como era esperado.

Atualmente, a Rússia está construindo o segundo satélite, o AngoSat-2, que deveria ser mais sofisticado e que poderia ter importância para a telecomunicação e ligação telefônica não apenas em Angola, mas também em outros países. Essas tecnologias podem ser usadas na medicina, segurança, defesa e na vida cotidiana de milhões de pessoas.

"Isso transforma Angola em uma potência regional. Já estão assinados acordos com países vizinhos sobre o fornecimento das capacidades desse satélite. Atualmente, o país gasta cerca de 70 milhões de dólares anualmente com locação de frequências de satélites estrangeiros. Após o lançamento do novo satélite, as receitas da utilização do satélite vão entrar no orçamento angolano, além das receitas obtidas de outros Estados que usariam esse satélite", enfatizou Tararov.

O embaixador diz que, em meio a esse projeto, a Rússia e Angola firmaram um acordo básico sobre pesquisa e uso pacífico do espaço exterior, que prevê ampliar a cooperação no setor de telecomunicações e navegação espacial.

"Estão em curso negociações, e estão sendo bastante bem-sucedidas, para que encontremos pontos de apoio para o nosso sistema de navegação por satélite GLONASS em Angola, o que daria ao sinal maior precisão", concluiu Tararov.

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