A forte crítica à iniciativa humanitária russa de acelerar a cidadania é "estranha", disse Putin aos repórteres após o encontro com o líder norte-coreano Kim Jong-un. A Polônia emitiu o "Karta Polaka" (Cartão polonês) para poloneses étnicos na Ucrânia, enquanto a Hungria e a Romênia emitem passaportes sob programas semelhantes, acrescentou ele.
Este também é o caso dos ucranianos nativos que "sentem-se conectados à Rússia" por várias razões, tais como laços familiares ou casamentos mistos, prosseguiu o presidente russo.
"Além disso, se outros vizinhos da Ucrânia fazem isso há muitos anos, por que a Rússia não pode fazer o mesmo?", questionou Putin.
"Eu tenho uma pergunta a esse respeito - os russos que vivem na Ucrânia não são tão bons quanto romenos, poloneses e húngaros?", complementou.
No início desta semana, um decreto presidencial foi assinado para facilitar o processo de obtenção de cidadania russa para pessoas em regiões separatistas no leste da Ucrânia. Eles podem solicitar um passaporte russo em um programa acelerado e obtê-lo dentro de três meses.
Sem surpresa, o movimento atraiu críticas de Kiev, onde o presidente eleito Volodymyr Zelensky está prestes a assumir o cargo. No entanto, Putin garantiu que a proposta não pretende provocar ninguém.
"A questão dos passaportes é humanitária", explicou.
Russos étnicos e ucranianos de fala russa encontram-se numa situação precária, pois foram privados de "muitas coisas [incluindo] direitos humanos fundamentais". Os que vêm do leste da Ucrânia têm muitas vezes problemas na vida cotidiana, seja em uma universidade ou simplesmente reservando um voo, prosseguiu Putin.
Enquanto isso, o governo ucraniano parece mostrar pouco interesse em implementar o marco do acordo de paz de Minsk, já que eles essencialmente cortaram a região do resto do país.
"E as pessoas que vivem nesses territórios? Eles serão deixados para trás vivendo em completo isolamento?", perguntou Putin.
No entanto, Moscou está pronta para restaurar os laços com Kiev, "na íntegra, mas não unilateralmente".
Zelensky, que em parte fez campanha contra a exaustão do povo ucraniano com a guerra, sinalizou que poderia ser mais flexível ao chegar a um acordo sobre as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, mas ainda não se sabe se ele cumprirá sua promessa, concluiu Putin.