Do que são capazes os maiores cruzadores no mundo?

Um recorde de deslocamento de 25 mil toneladas, unidade propulsora nuclear e um poderoso armamento de mísseis e artilharia – há exatos 30 anos, em 29 de abril de 1989, foi lançado à água o último dos quatros cruzadores nucleares pesados do projeto Orlan.
Sputnik

Atualmente, a Marinha da Rússia possui dois navios desse projeto. Para que foram eles construídos e que futuro os espera, leia aqui, nesta matéria da Sputnik.

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A ideia de criação de uma frota nuclear de superfície surgiu na União Soviética em meados dos anos 50. Previa-se que as a Marinha recebesse um cruzador de 8 mil toneladas de deslocamento e com uma autonomia praticamente ilimitada. Mas o rápido desenvolvimento da frota de submarinos nucleares dos EUA alterou os planos do comando soviético.

Para combater os numerosos submarinos, armados com mísseis de cruzeiro e balísticos nucleares, foram formados grandes agrupamentos antissubmarino. Para as proteger era necessário criar um navio ainda maior. A URSS começou a construir um cruzador de 25 mil toneladas de deslocamento que seria dotado de todos os tipos de armamento naval: mísseis, sistemas antiaéreos, antissubmarino e artilharia. O projeto foi designado de 1144 Orlan.

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O primeiro da série de quatro cruzardes nucleares pesados era o Kirov (Admiral Ushakov, desde 1992), cujo assentamento da quilha ocorreu em 1973. O Kirov não tinha análogos diretos e se tornou o maior navio no mundo que não portava aeronaves. Os EUA também tinham navios de superfície nucleares, mas eles eram menores. O cruzador USS Virginia, por exemplo, tinha deslocamento de 11 mil toneladas.

O segundo cruzador desse projeto foi o Frunze (Admiral Lazarev, desde 1992), que entrou em serviço em dezembro de 1980. O terceiro foi o Kalinin (Admiral Nakhimov, desde 1992) que foi incorporado em 1988. Entretanto, a construção do último navio, Pyotr Velikiy, durou mais de dez anos. Ele teve o assentamento da quilha em 1986, mas seus testes de mar em condições do Extremo Norte foram iniciados em 1996. Ele entrou em serviço apenas em 1998. A demora foi causada pelo colapso da URSS e pelas circunstâncias que o acompanharam.

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O armamento principal do Orlan são vinte mísseis de cruzeiro supersônicos Granit com ogivas convencionais ou nucleares. Cada míssil pesa sete toneladas e pode ser dotado de uma ogiva incendiária de 750 quilogramas ou nuclear de 500 quilotons. O propósito principal do Granit é a destruição de grupos de porta-aviões, mas o míssil pode ser usado contra alvos costeiros.

O sistema de defesa antiaérea S-300F Fort, com cem mísseis antiaéreos, pode fazer fogo contra seis alvos aéreos e acompanhar 12. O segundo escalão da defesa antiaérea Kinzhal, com uma reserva de 128 mísseis, destrói os mísseis que passaram pelo Fort. O terceiro escalão da defesa antiaérea é composto por seis sistemas de artilharia antiaérea Kortik, que é um canhão duplo de calibre 130 mm e oito canhões automáticos de calibre 30 mm com cadência de tiro de seis mil tiros por minuto.

Contra os submarinos o navio tem dois sistemas antissubmarino Vodopad. Nenhum cruzador no mundo tem um armamento tão poderoso. Para gerenciar e fazer funcionar os sistemas do navio é necessária uma tripulação de 1.100 oficiais, suboficiais e marinheiros.

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O ex-comandante da Frota do Norte, Vyacheslav Popov, em entrevista à Sputnik, disse que os navios do projeto Orlan são extremamente necessários para a Marinha da Rússia.

"O objetivo principal [dos navios dessa classe] é a destruição de alvos marítimos", explicou o almirante Vyacheslav Popov, sublinhando que em agrupamento o conjunto de vários tipos de armamentos permite usar o navio como suporte de defesa antiaérea.

"A unidade propulsora nuclear amplia suas capacidades, de fato, até o infinito […] Esse navio é tão universal que se aproximar dele e destruí-lo é praticamente impossível", disse ele. O ex-comandante da Frota do Norte tem experiência própria de serviço em um navio desse projeto.

"Eu assisti à eficácia de funcionamento do sistema de defesa antiaérea", afirmou o almirante.

Estas unidades navais tem uma grande relevância política, porque, ao contrário dos outros ramos, a Marinha pode desempenhar seu papel em tempo de paz.

"No seu conjunto, o Oceano Mundial é neutro, exceto as pequenas faixas de águas territoriais e zonas econômicas. Os nossos navios estão prontos para mostrar a bandeira e manter sua presença em qualquer ponto do Oceano Mundial", declarou almirante.

Um cruzador, destróier ou fragata podem entrar praticamente em qualquer porto do mundo, através disso a Marinha se torna um instrumento significativo da política externa da Rússia, opina Vyacheslav Popov.

Atualmente, a Marinha da Rússia tem dois navios do projeto Orlan e tem um em estado de conservação.

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