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Como fica economia brasileira com guerra econômica entre seus maiores parceiros?

Nesta segunda-feira, o Ibovespa caiu 2,69%, a 91.726 pontos, após o governo chinês anunciar um plano para retaliar o aumento das tarifas norte-americanas a produtos chineses. Mas qual o real impacto possível dessa guerra econômica entre os dois maiores parceiros comerciais brasileiros para a economia do Brasil?
Sputnik

Recentemente, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que ia elevar a tarifa de US$ 200 bi em produtos importados da China, reascendendo a guerra comercial com Pequim, que prometeu retaliar. Em meio a isso, economistas brasileiros começaram a calcular quais são os eventuais impactos dessa disputa para a economia nacional. 

Guerra comercial se agrava: China impõe tarifas a produtos dos EUA valendo US$ 60 bilhões
Para a economista Juliana Inhasz, coordenadora de Graduação do Curso de Economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em um primeiro momento, os brasileiros têm alguns motivos para acreditar que o Brasil pode sair beneficiado dessa guerra comercial entre China e EUA, já que a mesma abre espaço para os dois países buscarem outros parceiros para determinados produtos. Ela lembra que o país é importante fornecedor de parte desses produtos taxados e tem atualmente uma certa capacidade ociosa em sua produção.

"A gente continua tendo alguns produtos sobrando dentro aí da nossa produção que podem ser destinados para fora", disse a especialista em entrevista à Sputnik Brasil. "Nesse aspecto, vender, ter mais mercado lá fora, vender mais para Estados Unidos e China, num primeiro momento, não traz tanto problema, como poderia trazer se a gente estivesse, por exemplo, com a economia muito aquecida, tivesse que tirar do mercado interno para mandar para fora."

De acordo com Inhasz, os produtores brasileiros já estão se beneficiando dessa demanda proveniente da guerra comercial entre as duas grandes potências e há uma boa chance de que esse cenário permaneça enquanto essas disputas ficam mais intensas. Entretanto, ela alerta que não é possível ignorar também eventuais efeitos negativos.

"Hoje, a gente já tem uma taxa de câmbio que não é a mais atrativa, especialmente porque a gente tem uma dependência muito grande de importações. E as importações vão começar a chegar mais caras", afirmou. "Então, a gente tem que levar em consideração que o nosso custo de vida também pode ficar um pouco maior por conta dessa alta do dólar." 

Ainda para a coordenadora do Insper, cabe questionar hoje que capital econômico China e EUA poderão ter para realmente aguentar essa grande guerra comercial. 

"Acho que muito provavelmente, quando a gente tiver a reunião de cúpula do G-20, parte dessas tensões já vão ter se dissipado. Porque o mercado naturalmente vai se ajustando a essas notícias." 

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