Tensão comercial entre EUA e China 'afunda' mercados emergentes: Brasil atinge pior índice

Os mercados financeiros de muitas nações em desenvolvimento estão lutando para atrair capital em meio ao atual impasse comercial entre Washington e Pequim, segundo analista.
Sputnik

Em um artigo para a Sputnik Internacional, o colunista Kristian Rouz comentou que a última rodada de tarifas americanas sobre os bens chineses, no valor de US$ 200 bilhões, afetou as ações dos mercados emergentes nesta semana.

Para o jornalista, isso ameaça minar a confiança dos investidores nas nações em desenvolvimento, particularmente no setor não financeiro, o que poderia reduzir as perspectivas mais amplas de crescimento do PIB.

De acordo com o MSCI Emerging Markets Index, os mercados acionários das principais nações em desenvolvimento caíram em uma média de 3,7% em maio.  A maioria dos investidores refere a exposição destas nações ao comércio com os EUA e a China.

Segundo eles, o aumento das tarifas e as medidas repressivas no comércio bilateral em ambos os lados do Pacífico terão efeitos colaterais significativos para os países terceiros, a maioria dos quais no mundo em desenvolvimento.

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"Outra preocupação é que os investidores não esperam que um acordo comercial entre os EUA e a China seja concluído em breve. Há pouco esclarecimento sobre os planos de ambas as partes, e relatórios contraditórios tornam a situação ainda mais incerta", ressalta o jornalista.

O indicador MSCI dos países em desenvolvimento, que mede o desempenho bolsista e outros índices, caiu 3,7%. A Bloomberg indicou que o real do Brasil liderou a queda, com os protestos aumentando as tensões políticas e as previsões de crescimento diminuindo.

"Não há prazos […] As moedas emergentes estão começando a ser bastante baratas, mas a demanda será limitada pela incerteza e pelo fato de que, mesmo quando estávamos fixando os preços em cenários mais benignos, elas não tiveram um bom desempenho", afirmou Alejandro Cuadrado, estrategista sênior da holding bancária BBVA em Nova York.

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Cuadrado diz que o real brasileiro poderia ser afetado ainda mais em curto prazo, junto com o peso chileno.

De fato, as moedas dos países emergentes desvalorizaram-se nos últimos meses ou estão enfrentando uma pressão descendente devido à reduzida disponibilidade de capital de investimento e ao aumento dos custos dos empréstimos nos EUA. Porém, segundo o autor, as ações mais baratas e moedas nacionais mais fracas tornam as nações em desenvolvimento mais competitivas no comércio internacional.

As tensões comerciais entre os EUA e a China ameaçam fazer repetir esse cenário em outros países mais sustentáveis.

"No Brasil, os protestos ajudaram a aumentar as tensões políticas que já estavam crescendo em meio a uma investigação sobre um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, sem mencionar os cortes quase diários nas projeções de crescimento", cita Bloomberg.

Ainda assim, alguns observadores do mercado continuam esperançosos.

Alguns economistas acreditam que a atual "guerra de atrito de baixa intensidade" não terá um grande impacto sobre os países em desenvolvimento.

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"A mais recente escalada nas tensões na guerra comercial entre os EUA e a China é apenas uma tática de negociação para extrair concessões antes de um acordo", disseram Jane Brauer e Lucas Martin do Bank of America Merrill Lynch.

Por sua vez, os especialistas do grupo financeiro multinacional Goldman dizem que alguns mercados emergentes ainda têm oportunidades de investimento lucrativos em setores não afetados pela disputa EUA-China.

Ainda assim, a incerteza em torno do futuro do comércio entre as duas maiores economias do mundo está pesando sobre os sentimentos dos investidores em todo o mundo. Alguns participantes do mercado acreditam que pode haver ainda mais volatilidade, enquanto muitas nações em desenvolvimento não têm fontes de crescimento se no futuro cortarem os empréstimos e investimentos estrangeiros.

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