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Estariam supermercados britânicos vendendo carne de fazendas desmatadoras da Amazônia?

A organização ambiental Friends of the Earth (Amigos da Terra, em tradução livre) afirmou ter analisado a cadeia de fornecimento de carne de conserva no Reino Unido e revelado uma ligação evidente com produtores que contribuem com o desmatamento da Amazônia.
Sputnik

De acordo com investigadores ambientais, grandes redes de supermercados do Reino Unido, tais como Morrison, Waitrose, Icelans, Lidl e Co-Op compram carne de conserva da JBS, empresa que exportaria carne produzida de fazendas que contribuem para a destruição da maior floresta tropical no mundo. O grupo de pesquisa Earthsight ainda aponta Sainsbury’s e Asda, além das redes de supermercado acima mencionadas.

O Brasil tem a maior diversidade de espécies animais e vegetais do mundo, mas perdeu mais florestas do que qualquer outro país desde 2001. Trata-se de 1,3 milhão de hectares só no ano passado, segundo o World Resources Institute.

A Amazônia também é fundamental para ajudar a atenuar as mudanças climáticas, absorvendo grandes quantidades de emissões de CO2, mas cerca de um quinto de toda a floresta já foi desmatado.

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Cerca de 80% das zonas desmatadas são utilizadas para plantar comida para o gado, segundo Greenpeace.

Como mais partes da Amazônia estão sendo destruídas, ficaremos com um planeta incapaz de remover as emissões de CO2 que destroem o clima da atmosfera.

Em 2017, Reino Unido foi o nono maior importador de carne brasileira no mundo, comprando 57.000 toneladas, tendo sido a JBS responsável por quase um terço de toda a exportação.

Um relatório da organização sem fins lucrativos Amazon Watch afirmou que duas fazendas que foram repetidamente multadas por desmatar ilegalmente vendiam carne para a JBS.

JBS teria não conseguido resolver problema da "lavagem de gado", onde fazendas com desmatamento ilegal transferem gado para fazendas legais. Um relatório de uma auditoria mostra que na relação de fornecedores indiretos da JBS não foram realizados processos de rastreabilidade.

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Um porta-voz da companhia islandesa Princes se mostrou seguro que "nenhum produto é originário de locais que foram questionados por investigação, e que todas essas questões identificadas por Friends of the Earth são passadas e já foram abordadas pela JBS".

Morrisons, Lidl e Sainsbury não comentaram a situação, mas a British Retail Consortium (BRC), que se pronunciou em nome das redes de supermercados Asda e Co-op, declarou: "BRC e nossos membros consideram completamente inaceitáveis todas as formas de abuso de trabalho e desmatamento ilegal. Todos fornecedores respeitam leis locais e altas normas de retalhistas."

BRC destaca que Brasil tem problemas significativos de escravidão moderna e agora tenta resolvê-los pela aplicação da lei. "No entanto, os recentes desenvolvimentos legislativos podem estar a pôr em risco esses progressos e esse exemplo demonstra quão vital é para a eficácia das leis e da aplicação da lei proteger as pessoas e o meio ambiente da exploração."

BRC apelou ao governo brasileiro para tomar medidas rápidas e concretas para resolver a questão.

A JBS negou ter comprado carne de animais de fazendas envolvidas no desmatamento, destacando que a empresa tem uma política de fornecimento responsável que estabelece critérios estritos tanto sociais como ambientais para a seleção de fornecedores.

A empresa informa que as fazendas são controladas individualmente e verificadas contra áreas de embargo do governo, e qualquer fazenda não compatível é imediatamente bloqueada.

Auditorias independentes revelaram que nos últimos três anos 99,9% das compras de carne da JBS corresponderam aos critérios sociais e ambientais da companhia, concluiu a empresa exportadora de carne.

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