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Como irá disputa comercial entre Washington e Pequim afetar América Latina?

A guerra comercial iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra a China tem consequências inesperadas para a economia mundial. A América Latina não é exceção e também sofre com essa disputa entre as duas maiores economias no mundo.
Sputnik

O Fundo Monetário Internacional (FMI) avisa que a disputa comercial pode desacelerar o crescimento global para 3,3%, em comparação com os 3,6% esperados anteriormente, e continuar reduzindo a taxa em 2020. Saiba que repercussões do conflito a América Latina pode vir a enfrentar.

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Desvalorização das moedas latino-americanas

É bem sabido que, em tempos de incerteza econômica, as pessoas aumentam suas compras de dólares americanos para se proteger das desvalorizações das moedas dos países em desenvolvimento. Isso enfraquece as moedas latino-americanas e obriga as autoridades econômicas a subir as taxas de juro, o que prejudica o crescimento econômico desses países.

"Os EUA estão obrigando os países da região a escolher entre Washington e Pequim", sublinha Margaret Myers, diretora do programa "A América Latina e o Mundo" no centro analítico Diálogo Interamericano. "Isso está colocando os países latino-americanos em uma posição muito desafiante sem oferecer uma política particularmente atrativa".

Queda dos preços das matérias-primas

A confiança dos investidores no crescimento econômico mundial parece estar paralisada pela guerra comercial entre os EUA e a China, que já afetou os preços dos produtos básicos como o cobre e o petróleo. Em geral, os preços das matérias-primas a nível mundial viveram a pior semana do ano, informou o banco de investimentos Goldman Sachs.

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A decisão dos EUA de impedir o fornecimento de tecnologia estadunidense vital a cinco empresas chinesas em meio a uma escalada de tensões foi a causa principal dessa queda, a maior do ano. Isso, claro, afeta as economias latino-americanas, cujos principais produtos de exportação são precisamente as matérias primas.

México é o único ganhador do conflito?

Devido ao aumento das tarifas sobre os produtos chineses por parte de Washington, muitas empresas que operavam na China decidiram retirar suas fábricas deste país, optando frequentemente pelo México, vizinho dos EUA.

Entre as empresas que apostam agora no México estão a Fuling Global Inc., um fabricante chinês de utensílios de plástico, que fabrica copos de papel e palhinhas para restaurantes dos EUA. Quando Donald Trump iniciou a guerra comercial, a empresa decidiu abrir uma fábrica no México. Além disso, outra empresa, a GoPro, anunciou sua decisão de mudar da China para o México a maior parte de sua produção de câmaras destinadas à venda nos EUA.

Como fica economia brasileira com guerra econômica entre seus maiores parceiros?

No total, as exportações mexicanas para os EUA aumentaram 10%, para quase 350 bilhões de dólares em 2018, o crescimento mais rápido em sete anos.

Quanto ao Brasil, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, declarou que o aumento das tarifas de importação aplicadas pelos EUA aos produtos chineses pode beneficiar as exportações brasileiras. A China e os EUA são forçados a buscar novos parceiros e fornecedores dos produtos afetados pelas tarifas. Nesse sentido, os produtores brasileiros poderiam beneficiar dessa demanda proveniente da guerra comercial, penetrando ainda mais nos mercados de seus maiores parceiros e estabelecendo novos laços comerciais.

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