A escalada do conflito comercial entre os EUA e a China representa uma “ameaça clara e evidente” para os mercados, afirmou Barry Knapp, sócio gerente da consultoria Ironsides Macroeconomics.
"Se as tarifas [aplicadas aos produtos chinesas] aumentarem para 25%, houver um ajustamento no yuan chinês e se [o seu valor] mudar de forma ainda mais acentuada, isso poderia ser muito desestabilizador para os mercados de capitais globais. Isso, para mim, é uma ameaça muito real, clara e presente", disse ele ao portal Yahoo Finance.
É de assinalar que, no fim do ano passado, a moeda chinesa se desvalorizou em meio às tensões comerciais entre Pequim e Washington.
Segundo Knapp, uma nova rodada de tarifas contra as mercadorias chinesas no valor de 300 bilhões de dólares (R$ 1,17 trilhão) levaria à desvalorização ainda maior da moeda chinesa e causaria uma massiva fuga de investimentos do país. Isso poderia causar uma venda massiva de ações nos mercados financeiros globais, afirmou ele.
Enquanto Knapp indica o yuan fraco como um potencial fator desestabilizador para os mercados globais, o estrategista Scott Clemons da empresa financeira Brown Brothers Harriman avisa sobre um possível brusco aumento da inflação.
"Acho que é aconselhável preocuparmo-nos com as coisas com que ninguém está preocupado. Ninguém se preocupa com a inflação. Não posso deixar de pensar que, à medida que os salários aceleram, à medida que o mercado de trabalho continua a se retrair, me pergunto se em algum momento isso não vai levar ao aumento dos preços. Esse é o meu 'cisne negro'", opina Clemons.
Cisne Negro é uma teoria do famoso economista Nassim Nicholas Taleb que explica os acontecimentos raros e difíceis de serem previstos, causadores de impactos extremos e que precisam de uma nova explicação. O termo foi cunhado pelo professor de finanças e antigo negociante de Wall Street, após a crise financeira de 2008.