Em entrevista ao Corriere della Sera, o chefe de Estado da Rússia afirmou que os recentes boatos sobre uma suposta interferência russa em eleições na Europa teriam como objetivo continuar demonizando Moscou no continente. Segundo ele, o seu país está pronto para trabalhar com as forças eleitas pela população europeia a fim de manter a segurança e a estabilidade no território europeu.
"Eu gostaria de deixar isso bem claro. Nós não nos intrometemos e não planejamos nos intrometer em assuntos internos de nenhum dos países da União Europeia nem de outros Estados do mundo. Essa é a nossa principal diferença em relação aos Estados Unidos e a alguns de seus aliados, que, por exemplo, apoiaram o golpe na Ucrânia em fevereiro de 2014", disse ele.
No que diz respeito à Europa Oriental, Putin declarou que o Kremlin se dispõe a estabelecer um diálogo construtivo com a Ucrânia se seu novo presidente, Vladimir Zelensky, fizer jus às promessas de campanha.
"Sim, é possível se Zelensky começar a cumprir suas promessas de campanha", disse quando perguntado se a vitória de Zelensky permitiu um degelo nas relações entre Moscou e Kiev, abrindo caminho para a resolução do conflito em Donbass e para o estabelecimento de um diálogo construtivo entre Rússia e Ucrânia. O líder russo lembrou que, durante o período de campanha eleitoral, Zelensky prometeu "estabelecer contatos diretos com seus compatriotas em Donbass e parar de chamá-los de separatistas".
Além das relações Europa-Rússia, o presidente russo também comentou os recentes desenvolvimentos do novo tratado START. De acordo com Putin, Moscou não vê nenhuma disposição de Washington para discutir a possível extensão do tratado de controle de armas, enquanto as perspectivas de cooperação EUA-Rússia na esfera das armas estratégicas permanecem incertas. No entanto, ele garantiu que Moscou tem vontade política para chegar a um acordo com os Estados Unidos na área de redução de armas, acrescentando que "a bola está agora na quadra dos EUA".
Vladimir Putin visitará a Itália nesta quinta-feira para conversar com o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, o presidente Sergio Mattarella e o papa Francisco sobre uma ampla gama de questões. De acordo com o assessor do Kremlin Yury Ushakov, a agenda do líder russo incluirá temas como cooperação Rússia-UE, programa nuclear iraniano, situação na Síria, Líbia e Ucrânia, além de assuntos relacionados a questões bilaterais.