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Presidente do Chile condena declarações de Bolsonaro sobre o pai de Bachelet

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, criticou nesta quarta-feira a declaração de seu colega brasileiro, Jair Bolsonaro, que se referiu em termos duros ao pai assassinado da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
Sputnik

"Não compartilho de todo a alusão feita pelo presidente Bolsonaro em relação a uma ex-presidente do Chile, e especialmente em um assunto tão doloroso quanto a morte de seu pai", disse Piñera em entrevista coletiva.

Bachelet também foi presidente do Chile durante os períodos 2006-2010 e 2014-2018.

No início desta quarta-feira, Bachelet alertou para uma "redução do espaço democrático" no Brasil.

"Nos últimos meses, observamos [no Brasil] uma redução do espaço cívico e democrático, caracterizado por ataques contra defensores dos direitos humanos, restrições impostas ao trabalho da sociedade civil", afirmou a representante da ONU em entrevista coletiva na cidade suíça de Genebra.

Depois de tomar conhecimento dessas declarações, Bolsonaro acusou Bachelet de se intrometer na política interna do Brasil e a criticou em termos duros.

"[Bachelet] diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época", disse o presidente brasileiro.

A alusão ao general falecido da Força Aérea do Chile, Alberto Bachelet, que foi torturado e morto por seus mesmos companheiros de armas após o golpe de Estado perpetrado por Augusto Pinochet (1973-1990), foi imediatamente criticado por líderes e autoridades da oposição chilena em geral, e do Partido Socialista em particular, legenda política na qual milita a ex-mandatária.

Após a onda de reações, o presidente Piñera realizou uma conferência de imprensa na sede do governo, o Palácio de La Moneda.

"É do conhecimento público o meu compromisso permanente com a democracia, a liberdade e o respeito pelos direitos humanos em todos os momentos, em todos os lugares e em todas as circunstâncias", pontuou o chefe de Estado chileno.

"Sem prejuízo das diferentes visões que podem existir em relação aos governos que tivemos nas décadas de 70 e 80, essas visões sempre devem ser expressas com respeito pelas pessoas", acrescentou Piñera.

Durante a ditadura de Pinochet, cerca de 28.000 pessoas foram torturadas, 3.197 foram mortas e cerca de 200.000 foram forçadas ao exílio, segundo dados oficiais.

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