Justiça espanhola autoriza governo a exumar restos mortais de Franco

O Tribunal Supremo da Espanha decidiu nesta terça-feira (24) que o governo interino pode exumar os restos mortais do ditador Francisco Franco do Vale dos Caídos, mausoléu nas cercanias de Madri.
Sputnik

O destino do corpo do general é motivo de disputa há muitos anos no país. O atual chefe de governo, Pedro Sánchez, vem brigando para retirar os restos mortais da Abadia da Santa Cruz do Vale. Para os socialistas, é errado que o túmulo de um ditador acusado de crimes seja uma atração turística. Por outro lado, a família de Franco e saudosistas do regime defendem sua permanência no mausoléu.

Os seis juízes da corte rechaçaram recurso apresentado pelos familiares do general contra a exumação. O governo pretende levar os restos mortais de Franco para um cemitério discreto próximo de Madri, onde repousa a viúva do ditador. Franco esteve no poder de 1939, após vencer a Guerra Civil Espanhola, até sua morte, em 1975.

Partidos de esquerda e familiares de vítimas do conflito defendem a retirada do corpo do general. O mausoléu costuma reveber a visita de turistas e entusiastas de Franco.

Além disso, alguns afirmam que a medida poderia abrir feridas da guerra entre republicanos e nacionalistas apoiados pelo general, que se estendeu de 1936 a 1939. Cerca de 34 mil vítimas do conflito, de ambos os lados em disputa, estão enterradas no mausoléu, a maioria sem identificação.

Decisão vem no mesmo dia que parlamento é dissolvido

Franco tomou a iniciativa de levar os restos mortais do caídos para o local, sob o pretexto de unificar o país. Os familiares das vítimas, no entanto, dizem que não autorizaram o gesto.

Os familiares do ex-líder esperavam ao menos poder levar os restos mortais para a catedral de Almudena, no centro de Madri, ideia que o governo rejeita.

A decisão ocorre no mesmo dia em que o parlamento foi dissolvido e foram convocadas eleições gerais para 10 de novembro. A oposição acusa o Partido Socialista de utilizar a exumação como palanque político.

O resultado da corte não pode ser apelado, mas os advogados da família de Franco disseram que vão entrar com recurso no Tribunal Constitucional da Espanha e no Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

Pelo Twitter, Pedro Sánchez disse que a decisão era uma vitória para a democracia espanhola. "A determinação de reparar o sofrimento das vítimas do franquismo guiou sempre a ação do governo", afirmou.

Em Portugal, caso parecido gera polêmica

No vizinho Portugal, um caso parecido vem gerando polêmica:  A construção de um museu em Santa Comba Dão, na região central do país. A cidade é a terra natal de António de Oliveira Salazar e há protestos contra a obra, que está sendo considerada um museu sobre o ditador.

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