Ancara declarou que a ofensiva tem o objetivo de eliminar "terroristas" e preparar a criação de uma zona de segurança no nordeste da Síria.
O presidente norte-americano, Donald Trump, diminuiu a importância da aliança entre os EUA e as forças curdas, dizendo que não se recorda de ter visto curdos durante do Dia D, batalha decisiva da Segunda Guerra Mundial:
"Os curdos estão lutando para defender a sua terra", disse Trump a jornalistas na Casa Branca nesta quarta-feira (09). "E como alguém escreveu em um artigo muito, muito poderoso hoje: eles não nos ajudaram durante a Segunda Guerra Mundial, eles não nos ajudaram na Normandia, como exemplo, eles nomearam várias batalhas [...] mas eles estão lá para nos ajudar com a terra deles."
"Além disso, nós gastamos uma quantia enorme de dinheiro para ajudar os curdos em termos de munições, em termos de armas, em termos de dinheiro, em termos de pagamentos", explicou ele. "Tendo dito tudo isso, nós gostamos dos curdos".
O presidente norte-americano aparentemente fazia referência a uma coluna do comentarista conservador Kurt Schlichter, que apoiou a decisão de Trump de retirar os EUA da fronteira entre a Síria e a Turquia, publicada pelo veículo Townhall.
A questão curda
Até o início da semana, as milícias curdas eram um aliado-chave dos Estados Unidos na Síria. A aliança foi fundamental para derrotar o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e outros países). Os curdos chegaram a controlar um quarto do território sírio, inclusive áreas adjacentes ao território da Turquia.
Ancara, por sua vez, luta contra o separatismo curdo dentro de seu território e considera as forças curdas na Síria como aliadas da organização doméstica Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), organização que defende a criação de um estado nacional independente para os curdos. A Turquia considera o PKK uma organização terrorista e a forte presença curda perto de suas fronteiras como uma ameaça à segurança nacional.
Criação de zona de segurança na fronteira
Turcos e norte-americanos acordaram a criação de uma zona de segurança fronteiriça de cerca de trinta quilômetros de profundidade em território sírio.
Este "corredor da paz" seria livre de armamentos pesados e patrulhado conjuntamente pelos EUA e pela Turquia. A área receberia 2 milhões de refugiados sírios que atualmente vivem na Turquia.
O governo de Damasco se posicionou contra o acordo e classificou-o de um "ataque flagrante" à soberania do país.
Criação de zona de segurança na fronteira
Turcos e norte-americanos acordaram a criação de uma zona de segurança fronteiriça de cerca de trinta quilômetros de profundidade em território sírio.
Este "corredor da paz" seria livre de armamentos pesados e patrulhado conjuntamente pelos EUA e pela Turquia. A área receberia 2 milhões de refugiados sírios que atualmente vivem na Turquia.
Donald Trump ordenou a retirada das tropas norte-americanas da região. A decisão americana foi interpretada por muitos como uma carta branca dos EUA para um ataque turco contra os curdos.
As Forças Democráticas da Síria (FDS), que tiveram papel fundamental na luta contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e demais países), descreveu a ação norte-americana como uma "punhalada nas costas".
Ancara negou alegações de que a operação teria como alvo os curdos, dizendo que o objetivo é dizimar "terroristas" presentes na sua fronteira sul e criar condições para estabelecer o "corredor de paz" e repatriar refugiados.
Na quarta-feira (09), Trump declarou que ele não apoiava a operação turca, classificando-a de "uma má ideia". Ele disse que os EUA esperam que a Turquia cumpra os compromissos de proteger civis e prevenir uma crise humanitária, mas não indicou qual seria a reação norte-americana. No início da semana, Trump ameaçou "aniquilar" a economia turca caso o país "passasse dos limites".