"Em razão da operação militar turca no noroeste da Síria, o governo federal não autorizará novos fornecimentos da produção da indústria militar que poderiam ser utilizados pela Turquia na Síria", disse Heiko Maas em entrevista ao jornal Bild am Sonntag.
Na última quinta-feira, Maas instou Ancara a reconsiderar sua ofensiva, advertindo para o risco de uma nova desestabilização na região e para um possível fortalecimento do autoproclamado Estado Islâmico, o Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em diversos outros países).
O ministro destacou que, desde 2016, o governo alemão tem mantido uma política dura em relação às exportações de armas para a Turquia, e, em particular, depois da operação turca Ramo de Oliveira, contra combatentes curdos na cidade síria de Afrin, no início do ano passado. No entanto, essa é a primeira vez que Berlim decide impor um embargo sobre essas vendas.
A Turquia lançou no último dia 9 a operação Fonte de Paz no noroeste da Síria, com o objetivo de afastar milícias da fronteira turca e estabelecer uma zona segura para acomodar milhares de refugiados sírios que ainda se encontram em território turco.
A ação visa principalmente as formações armadas lideradas pelos curdos, como as Forças Democráticas da Síria (FDS) e as Unidades de Proteção Popular (YPG), que dominam a região mas são consideradas organizações inimigas por Ancara, por suposta ligação com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupo considerado terrorista na Turquia.
Segundo autoridades turcas, centenas de militantes já teriam sido neutralizados nos primeiros dias de operação.
Em meio a essas tensões, o governo sírio, que não reconhece a autonomia curda a leste do rio Eufrates, vem protestando contra a ofensiva estrangeira, acusando a Turquia de violar a integridade territorial do país e o direito internacional.
Já os Estados Unidos, principal aliado das milícias curdas na Síria, se recusaram a participar dessa nova onda de hostilidades e retiraram suas forças da zona de conflito, manobra vista por muitos críticos como uma traição aos curdos.