Assessora política da presidência da Síria, Bouthaina Shaaban, diz que Damasco se opõe categoricamente à formação de uma zona autônoma curda na Síria análoga à estabelecida no Iraque. As declarações foram feitas durante uma entrevista ao canal al-Mayadeen.
"É claro que não podemos aceitar. Não há nenhum fundamento para isso [...] a Síria é formada por muitas camadas étnicas e religiosas, e nós não dizemos que alguém é curdo, que alguém segue esta ou aquela religião, nós simplesmente não dizemos isso."
A assessora ainda lamentou decisões políticas tomadas por uma parcela dos curdos, que seria minoritária.
"Nós consideramos a maioria dos curdos como uma parte preciosa da nossa sociedade. Mas algumas organizações curdas tomaram decisões políticas que são contrárias aos interesses do país", enfatizou a assessora.
Ofensiva turca na Síria
Questionada acerca do cessar-fogo acordado pelos EUA e pela Turquia, Shaaban demonstrou ceticismo.
"O acordo de cessar-fogo anunciado pelos EUA e Turquia é pouco claro."
Segundo Ancara, os objetivos da Operação Fonte de Paz, lançada na semana passada, são eliminar os "terroristas", criar uma zona de segurança na fronteira e repatriar refugiados sírios vivendo em seu território.
"No que se refere ao termo [usado pela Turquia] 'zona de segurança', ele é incorreto: o que a Turquia realmente subentende é uma zona de ocupação", rebate a assessora.
Mais cedo, o político curdo Aldar Khalil havia saudado o acordo de cessar-fogo obtido pelos Estados Unidos e Turquia.
Nesta quinta-feira (18), o presidente da Turquia e o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, anunciaram em Ancara a assinatura de um acordo de cessar-fogo, que suspende a operação turca no nordeste da Síria por um período de 120 horas.
Após quatro horas de negociações, as partes acordaram a suspensão da operação para que as milícias curdas possam retroceder cerca de 30 km, se afastando da fronteira com a Turquia.