A aliança irá comprar "camuflagem de neve para operações no inverno", que inclui 78.000 conjuntos de calça, casacos e mochilas especiais. Os uniformes, conforme especificou o pedido, são capazes de aguentar temperaturas de até 40°C negativos, além de proteger os soldados contra "ventanias e avalanches de neve".
A encomenda, feita em forma de licitação, foi publicada originalmente em junho, mas não obteve resposta de fornecedores. Entre julho e setembro, empresas do Reino Unido, Eslováquia e Grécia ganharam a licitação, faturando contratos de cerca de R$ 322 milhões.
A Agência de Apoio e Aquisições, responsável pelas compras da aliança militar, não especificou onde tais operações a temperaturas abaixo de zero poderiam ocorrer.
A representação diplomática da Rússia na OTAN alertou a aliança, não sem uma certa dose de humor, que invadir o território russo durante o inverno pode não ser uma boa ideia. Os diplomatas russos também caçoaram do "planejamento militar totalmente defensivo".
A OTAN fez uma licitação para adquirir camuflagem para neve (78.000 unidades) e uniformes de inverno (R$ 322 milhões) para operações militares a -40°C! Isso para provar o caráter totalmente defensivo do planejamento militar da OTAN? Talvez valha a pena licitar alguns livros de história, sobre a batalha de Stalingrado durante a Segunda Guerra Mundial.
O tweet dos diplomatas russos se refere à famosa batalha de Stalingrado. A vitória nesta batalha pelo Exército Vermelho contra os nazistas é considerada um marco da Segunda Guerra Mundial. O inverno rigoroso na Rússia, frequentemente chamado de “General Inverno”, foi decisivo para a derrota de Hitler nessa batalha.
Olhos voltados para o Ártico
Apesar de ser improvável que a OTAN esteja planejando uma blitzkrieg na Rússia central, não é segredo para ninguém que a aliança tem interesse crescente nas regiões polares.
No centro da nova disputa geopolítica pelo Ártico está a Rota Marítima do Norte (NEP, na sigla em inglês), um corredor logístico que liga a China à Europa ao longo da costa norte da Rússia. A rota, ainda pouco utilizada, se tornará cada vez mais viável conforme o gelo da região vai derretendo.
Como esta rota marítima passa pela Zona Econômica Exclusiva (ZEE) da Rússia, Moscou considera-a parte de sua infraestrutura interna de transporte, enquanto os Estados Unidos e seus aliados gostariam que a rota fosse considerada internacional.