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Excludente de ilicitude não isenta policial de punição, diz ex-comandante da PM

O presidente Jair Bolsonaro reiterou nesta sexta-feira (22) seu apoio ao projeto de lei que amplia o conceito de excludente de ilicitude, previsto no Código Penal, para agentes de segurança em operações.
Sputnik

Bolsonaro anunciou na quinta-feira (21) que enviou a proposta para o Congresso Nacional.

O projeto define situações em que militares e agentes de segurança podem ser isentados de punição ao cometer algo considerado proibido por lei.

A proposta trata exclusivamente da ação de agentes de segurança e militares em casos de operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

A iniciativa é alvo de críticas por algumas entidades de defesa dos direitos humanos sob a justificativa de que ela poderia levar a um aumento da letalidade policial.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o ex-comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Coronel Ubiratan Ângelo, disse que o projeto do excludente de ilicitude apenas regulamenta a "legítima defesa" em casos de operação de GLO.

"O projeto de lei não busca isentar os policiais de punição, ele dá uma interpretação para o que seja legítima defesa", disse o ex-comandante.

Segundo o Coronel Ubiratan Ângelo, o grande causador do aumento da letalidade policial são discursos políticos favoráveis à operações policiais diferenciadas nas periferias.

"Todas as autoridades que nós tivemos no Rio de Janeiro falavam que um tiro em Copacabana é uma coisa, um tiro no Morro do Alemão é outra. Se eles têm essa percepção, quando eles verbalizam isso, significa para o policial: eu posso ter comportamentos diferenciados, então eu vou ter meu índice de agressividade voltado para determinadas áreas", afirmou.

Um dos pontos do projeto diz também que é considerado a legítima defesa quando, entre outros fatores, um cidadão "estiver portando ou utilizando ostensivamente arma de fogo".

Para Coronel Ubiratan Ângelo, a falta de detalhes sobre o que caracteriza um porte "ostensivo" de arma de fogo é um dos pontos polêmicos do projeto.

"Não diz quem pode portar, como portar, o que é portar ostensivamente? Se está embaixo da minha camisa uma pistola eu estou portando ostensivamente ou reservadamente?", argumenta.

A ampliação do excludente de ilicitude já estava prevista no pacote anticrime proposto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro e foi rejeitada pela Câmara dos Deputados. De acordo com Bolsonaro, esse é um projeto complementar ao pacote anticrime.

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