A viagem de Pence incluiu uma visita a Nechirvan Barzani, presidente da região do Curdistão no Iraque, e também um telefonema com o primeiro-ministro iraquiano Adel Abdul Mahdi para discutir os distúrbios e protestos contra a corrupção que abalaram o país.
A visita também serviu para reforçar as tropas dos EUA antes do feriado de Ação de Graças, que é celebrado nos Estados Unidos na próxima quinta-feira.
Pence fez duas paradas durante sua curta viagem, que ocorreu sem aviso prévio por razões de segurança. Viajando em um avião de carga militar, ele desembarcou primeiro na Base Aérea de Al Asad, a noroeste de Bagdá, e conversou por telefone com Abdul Mahdi.
"Falamos sobre a agitação que está ocorrendo nas últimas semanas aqui no Iraque", disse Pence a repórteres. "Ele me garantiu que eles estavam trabalhando para evitar a violência ou o tipo de opressão que vemos ocorrendo enquanto falamos no Irã".
"Ele me prometeu que eles trabalhariam para proteger e respeitar os manifestantes pacíficos como [...] parte do processo democrático aqui no Iraque", acrescentou.
Centenas de pessoas foram mortas desde o início de outubro, quando começaram os protestos em massa em Bagdá e no sul do Iraque. Os manifestantes querem desalojar uma classe política que consideram corrupta e devida às potências estrangeiras às custas dos iraquianos que sofrem de pobreza e falta de assistência médica.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou na segunda-feira que os Estados Unidos estão preparados para impor sanções a quaisquer autoridades iraquianas consideradas corruptas, bem como aos responsáveis pelas mortes e ferimentos de manifestantes pacíficos.
A viagem deu ao governo Trump a chance de mostrar que está trabalhando em política externa, mesmo quando as audiências de impeachment lideradas pelos democratas consomem Washington. Em solo iraquiano, Pence reiterou o compromisso de Trump com um Iraque independente e soberano.
"Continuamos preocupados com a influência maligna do Irã no Iraque", pontuou.
Apoio aos curdos
O vice-presidente seguiu para Erbil, na região curda semi-autônoma do Iraque, procurando demonstrar apreço pelos EUA pelos sacrifícios curdos e afirmar uma mensagem de apoio e parceria dos EUA com combatentes curdos.
Pence declarou a Barzani no início de sua reunião no aeroporto de Erbil que ele queria, em nome de Trump, "reiterar os fortes laços firmados nos fogos de guerra entre o povo dos Estados Unidos e o povo curdo nesta região".
No mês passado, a Turquia lançou uma ofensiva no nordeste da Síria após a decisão abrupta de Trump de retirar todas as mil tropas dos EUA lá. Pence intermediou uma pausa com Ancara para dar tempo aos combatentes curdos se retirarem.
Essa trégua visava mitigar a crise provocada pelo anúncio de Trump, que os legisladores republicanos e democratas dos EUA criticaram como uma traição aos aliados curdos alinhados com Washington na luta contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia).
Perguntado se ele tinha que aplacar algum sentimento de traição por parte dos curdos, Pence minimizou.
"Não acho que haja confusão agora entre a liderança aqui na região curda de que o compromisso do presidente Trump com nossos aliados aqui no Iraque, bem como para as forças de defesa sírias, as forças curdas que lutaram ao nosso lado são imutáveis", explicou.
Pence não deixou de falar da frustração da Casa Branca com a investigação do impeachment. Durante comentários às tropas americanas na base aérea de Al Asad, ele fez menção a "política partidária e investigações sem fim" em Washington, diminuindo a capacidade de obter às tropas os recursos necessários.