Europa deve buscar sua soberania militar, opina analista holandesa

Um navio holandês partirá em janeiro de 2020 ao estreito de Ormuz para participar de uma missão naval de seis meses liderada por Paris. A França busca criar uma coalizão marítima europeia diferente daquela conduzida pelos Estados Unidos. Uma analista militar holandesa comenta a situação em entrevista à Sputnik França.
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Torna-se evidente aos olhos da Europa que os Estados Unidos tentam preservar seus interesses nacionais em detrimentos dos de seus aliados, declarou à Sputnik França Anneke de Laaf, analista militar independente dos Países Baixos, quanto à decisão de seu país de participar da missão naval europeia para garantir a segurança do estreito de Ormuz.

Europa deve buscar sua soberania militar, opina analista holandesa
"Após 75 anos de dominação norte-americana na Europa, alguns sonham em poder agir de novo de forma soberana. Após a crise econômica de 2008 e com a eleição de Donald Trump, os Estados Unidos não escondem mais sua política. Agora é evidente que Washington está servindo seus interesses nacionais em detrimento dos de seus aliados", opina de Laaf.

Ela até mesmo considera que é a Europa que mais sofre o impacto das sanções impostas pelos Estados Unidos contra a Rússia.

Sanções contra Moscou afetam sobretudo os europeus

"Atualmente, temos um conflito sobre o [gasoduto] Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), conflito com o qual Washington está tentando salvar sua indústria de gás de xisto à custa do crescimento industrial europeu. […] A Europa deve finalmente decidir de forma independente como servir os seus próprios interesses, em vez de cumprir ordens de outros atores no cenário internacional", defende a analista.

Quanto à questão do impacto a longo termo que as ações independentes da Europa possam causar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Anneke de Laaf responde:

"A Europa age sem os Estados Unidos? Não acredito que seja o caso. Por enquanto não. Ninguém propõe anular sua participação na OTAN. Espera-se que Macron se encontre de fato com Stoltenberg na próxima semana. Porém, não acho que presidente francês dirá a Stoltenberg que a OTAN deverá se manter o mais longe possível da França no estreito. Eles coordenaram suas ações. Isso significa que nada será feito sem consultar Washington".

Os Países Baixos decidiram se juntar à França após o Qatar e Kuwait terem anunciado que participam da missão naval liderada pelos Estados Unidos.

Europa deve buscar sua soberania militar, opina analista holandesa

Uma missão europeia em 2020

Em 24 de novembro, a ministra francesa da Defesa, Florence Parly, declarou que a operação poderá ser lançada no início de 2020 e que uma dezena de governos europeus e não-europeus deveriam participar e que estão só à espera das autorizações de seus parlamentos.

Segundo de Laaf, o comando europeu para a vigilância marítima do golfo Pérsico será instalado na base naval francesa de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Em julho, a imprensa informou que a França, Itália e Dinamarca concordaram com uma proposta britânica visando criar uma missão naval europeia para garantir a segurança dos navios que cruzam o estreito de Ormuz. O Irã avaliou esta iniciativa como "mensagem hostil".

Em agosto, o Governo alemão indicou que Berlim poderia também participar desta missão. O chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, reiterou que a Alemanha não participará de uma operação liderada pelo país norte-americano.

Crise da indústria petroleira no estreito de Ormuz

Os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram o envio de navios ao golfo Pérsico como consequência de uma série de ataques contra petroleiros no começo do ano. Várias embarcações do Japão, Noruega, Emirados Árabes e Arábia Saudita foram atacadas em diversos incidentes em maio e junho deste ano.

Em 23 de julho, os Guardiões da Revolução do Irã interceptaram o petroleiro britânico Stena Impero no estreito de Ormuz "por violar as regras internacionais". O Reino Unido havia anteriormente detido uma embarcação iraniana acusada de transportar ilegalmente petróleo à Síria.

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