'A batalha começou': por que Rússia está instalando um 'guarda-chuva' antiaéreo no Ártico?

Tendo em conta a crescente corrida para a região, é lógico que o país direcione seus modernos mísseis antiaéreos S-400 para aí, defende um especialista militar.
Sputnik

Todas as divisões árticas da Frota do Norte da Marinha russa vão receber sistemas de mísseis antiaéreos S-400, que criarão um "guarda-chuva" antiaéreo sobre a parte russa do Ártico, disse o comandante da Frota do Norte, vice-almirante Aleksandr Moiseev.

Desta forma, o Ártico estará protegido de qualquer tipo de ataque aéreo inimigo, seja ele de aviação ou de mísseis de cruzeiro ou balísticos.

Aleksei Podberyozkin, diretor do centro de estudos militares do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO) e doutorado em ciências históricas, falou por que é importante proteger os territórios árticos russos com sistemas antiaéreos S-400.

"De acordo com o plano de longo prazo para desenvolvimento da defesa antiaérea e antimíssil, está sendo criada uma área contínua de detecção por radar e destruição de mísseis dos mais variados tipos. É bastante compreensível que esses esforços sejam agora direcionados para a fronteira norte", disse ele ao serviço russo da Radio Sputnik.

De acordo com o analista, o "guarda-chuva" ártico é importante por duas razões.

"Primeiro, esta direção é a mais perigosa em termos de ataques, porque é a mais curta. Segundo, a 'batalha pelo Ártico' já começou, envolvendo cada vez mais Estados não árticos, cada um tentando definir seu campo de influência", disse Podberyozkin. "A zona de responsabilidade russa tem de ser bem protegida", acrescentou.

"Estamos tencionamos assegurar que a área que é considerada de responsabilidade das Forças Armadas russas esteja bem coberta em termos de defesa antiaérea e antimísseis. Após a construção de um campo de detecção por radar único, será criado um sistema de defesa precisamente contra ataques através do Polo Norte e das regiões árticas", explicou o analista.

Situação no Ártico

No início de dezembro, o comandante da Frota do Norte, vice-almirante Aleksandr Moiseev, observou que o aumento da presença militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no Ártico poderia resultar em um potencial de conflito crescente nesta região.

Em setembro deste ano, os sistemas de mísseis antiaéreos S-400 entraram em serviço do regimento de mísseis antiaéreos implantado no arquipélago russo de Nova Zembla, no Ártico.

O S-400 (SA-21 Growler, na classificação da OTAN) é capaz de atingir caças furtivos, mísseis de cruzeiro, mísseis balísticos táticos e mísseis tático-operativos.

Com um alcance de até 400 quilômetros, os mísseis interceptores do sistema podem atingir alvos em alturas de até 30 quilômetros.

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